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Pará contrata 86 médicos cubanos para auxiliar no combate à pandemia

Do total de contratados, 68 deles já estão atuando na linha de frente, em especial na capital Belém

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Por Marcio Dolzan
Atualização:

Com o sistema de saúde público no limite em virtude da pandemia do novo coronavírus, o governo do Pará decidiu contratar 86 médicos cubanos para auxiliar no tratamento dos pacientes com covid-19, em especial na capital, Belém. Do total de contratados, 68 deles já estão atuando na linha de frente. Até esta segunda-feira, 27, o Pará contabilizava 2.128 casos confirmados de covid-19, com 114 mortes.

Segundo o governador Helder Barbalho (MDB), a contratação se fez necessária em função da falta de profissionais. "Há uma escassez, seja por reposição pelo fato de muitos médicos terem adoecido, seja pelo aumento da demanda", afirmou ao Estado. "Tínhamos uma reserva de 86 médicos (cubanos) que já haviam trabalhado no Mais Médicos, mas que não foram habilitados pela Medida Provisória, depois lei, já neste atual governo (de Jair Bolsonaro)."

Helder Barbalho, governador do Pará Foto: Marcos Corrêa/PR

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De acordo com Barbalho, 68 dos 86 contratados já estão trabalhando. "Destinei 15 deles, custeados pelo estado, para a prefeitura de Belém", explicou o governador. "No interior do estado a situação ainda está sob controle, mas em Belém especificamente há uma situação muito estressante no sistema. A porta de entrada do sistema, as UPAS e prontos-socorros, praticamente não estão mais conseguindo dar assistência e isso pode agravar a situação dos pacientes."

Em uma rede social, um paciente com sintomas de covid-19 relatou ter sido atendido no fim de semana por um médico cubano em um hospital de campanha de Belém. "A enfermeira mediu minha temperatura enquanto ele fez a ausculta pulmonar. Depois disso ele disse o que fazer (por exemplo, como respirar melhor) e o que não fazer (por exemplo, não usar aerossol com os remédios que eu estava usando) e me receitou algumas coisas. O atendimento foi fantástico", elogiou.

AÇÃO NA JUSTIÇA

A contratação foi possível graças a uma ação movida na Justiça Federal pelos próprios estrangeiros. Integrantes do Programa Mais Médicos, criado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, eles acabaram impedidos de participar do "Médicos Pelo Brasil" - versão criada pelo atual presidente, Jair Bolsonaro - por terem viajado a Cuba após o rompimento do antigo acordo, o que é vetado pela regra atual. Presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e atual chefe da pasta no governo do Pará, Alberto Beltrame explica que os 86 cubanos foram impedidos de se inscrever no Médicos Pelo Brasil por uma questão "burocrática". "Eles já moravam no Pará, constituíram família. Quando o Mais Médicos terminou, eles viajaram a Cuba para rever familiares. E, no momento que tentaram fazer nova inscrição no programa, o sistema cruzava os dados com os da Polícia Federal - que apontava a ida deles a Cuba - e os impedia de se inscrever. Aconteceu aqui no Pará e em outros estados", diz Beltrame. Os cubanos, então, entraram na Justiça e conseguiram liminar autorizando a inscrição, o que fez o governo do Pará optar pela contratação deles. "Estamos amparados pela Procuradoria Geral do Estado", assegura Beltrame. O secretário elogiou o trabalho dos profissionais, e disse que a contratação é fundamental no combate à pandemia. "A gente está numa situação de gravidade no atendimento à saúde, de emergência, e não temos conseguido recrutar profissionais. Muitos médicos no estado estão com alguma comorbidade, ou tem faixa etária elevada (o que os coloca no grupo de risco", conta Beltrame. "Teve um momento que tínhamos 80 pacientes e dois médicos, e aí que se chegou nessa ideia dos cubanos."

SATURAÇÃO

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A rede pública de saúde vem sendo ampliada, mas tem dificuldades em acompanhar a demanda. Atualmente, o Pará dispõe de 991 leitos específicos para o tratamento da covid-19, além de 192 de UTI.

O estado espera equipar 400 novas UTIs a partir da próxima semana, quando deverão chegar 400 respiradores comprados na China. O contrato foi firmado há 40 dias, e um voo fretado irá buscar os equipamentos. Além desses, o governo estadual espera receber insumos e equipamentos também do governo federal. Mais cedo, Barbalho encaminhou ofício ao ministro da Saúde, Nelson Teich, cobrando ajuda.

“Foi amplamente divulgado na mídia que o Ministério da Saúde deve enviar 14.100 unidades de respiradores para todo o País. Considerando que somamos 4% da população brasileira, nos dirigimos à Vossa Excelência para solicitar, com a urgência que o caso requer, o envio de 564 respiradores, 564 monitores e 2.256 unidades de bomba de infusão, a fim de suprir a necessidade de atendimento à população”, diz trecho da carta enviada ao ministro.

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