Para educadores, fobias sociais são cada vez mais frequentes em crianças

Muitas escolas não contam com funcionários atentos ao bem estar de cada estudante nem dispõem de terapeutas e psicólogos acessíveis

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Por Sharon Noguchi
Atualização:

SAN JOSE - Uma estudante popular e talentosa da escola Los Altos High, nos Estados Unidos, recebeu uma mensagem de texto dos pais quando estava na escola, pedindo-lhe que voltasse para casa para conversar sobre suas notas. A aluna, que também era uma atleta de destaque, tinha obtido várias notas A - e uma nota D. Ela pediu para sair da aula de inglês, pois queria ir ao banheiro, mas não voltou. A jovem desmaiou, sofrendo um debilitante colapso nervoso.

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A aluna, que não quis ter o nome revelado por causa do estigma das doenças mentais, não é a única a sofrer desse problema.

Educadores dizem ver um aumento no número de casos de depressão, ansiedade e fobia social entre os estudantes. A gravidade dos distúrbios mentais entre os estudantes aumentou, dizem eles, afetando até crianças mais novas, embora muitos suportem o estresse durante anos antes de finalmente sucumbirem.

"Eu sabia disfarçar muito bem", disse a aluna de Los Altos High, hoje no último ano, que foi posteriormente diagnosticada com depressão aguda e distúrbio de déficit de atenção, diagnóstico ao qual seus pais resistiram durante seis meses e no qual muitas das pessoas que a conheciam não puderam acreditar.

"Fui ensinada a vender minha própria imagem, a apertar os botões corretos, a dizer as coisas certas", acrescentou ela, até que, um dia, "tudo desabou".

O estresse cada vez maior não aflige apenas os filhos dos mais ricos e bem preparados do Vale do Silício, que frequentam escolas ao lado de colegas motivados e destinados à faculdade. Embora ainda não se reflita nas incompletas e atrasadas estatísticas nacionais, a tendência parece ultrapassar divisões étnicas, de classe, renda e capacidade acadêmica.

"Observamos isso em todo o espectro demográfico", disse Gloria Dirkmaat, diretora especial de ensino a secretaria de ensino médio de San Mateo.

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Pânico. Na escola Overfelt High, de San Jose, os ataques de pânico entre os alunos aumentaram subitamente. No semestre passado, os casos de ansiedade também aumentaram entre os adolescentes de outras escolas da região.

"Temos crianças que chegam a nós com necessidades maiores em relação à saúde mental, e isto está ocorrendo cada vez mais cedo", disse Judith Cameron, da secretaria de ensino do Vale de San Ramon.

Nem todas as escolas observaram um aumento na incidência de problemas de saúde mental. Mas muitas não contam com funcionários atentos ao bem estar de cada estudante nem dispõem de terapeutas e psicólogos facilmente acessíveis.

Isso está mudando. Desde um surto de suicídios entre alunos das escolas do ensino médio de Palo Alto, ocorrido quatro anos atrás, a secretaria de ensino treinou professores, criou mecanismos de segurança, ofereceu mais orientação e agora está treinando todos os estudantes em técnicas de intervenção nos casos de pessoas que podem ameaçar o suicídio.

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As escolas do Vale de San Ramon contrataram um orientador para cada escola do ensino fundamental 2 e médio para o ano escolar atual com o objetivo de lidar com a saúde mental. E uma escola de Morgan Hill contratou mais terapeutas para tratar de problemas de depressão entre alunos do quarto e quinto anos.

Dois anos atrás, a secretaria de San Mateo criou duas turmas para estudantes com fobias sociais. Há duas outras turmas para aqueles com ansiedade e depressão, além de duas turmas para estudantes com problemas emocionais mais graves. De acordo com Gloria Dirkmaat, todas elas estão cheias.

Tradução de Augusto Calil

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