Para professor, big data pode acabar com era do 'achismo' no sistema de saúde do País

Segundo especialista, 76% dos prontuários ainda são de papel

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Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Álvaro Campos
Atualização:

O uso da tecnologia do chamado big data pode acabar com a era do "achismo" no sistema de saúde brasileiro, segundo o professor da USP Alexandre Porto Chiavegatto Filho. "Durante muito tempo a saúde pública brasileira foi dominada por achismos, chutes, deduções, interesses individuais. O Brasil é um grande outlier no nível de insatisfação com os serviços de saúde e o big data pode ajudar a mudar isso", afirmou durante o Summit Saúde 2016, promovido pelo Estado.

Chiavegatto apontou que hoje 76% dos prontuários médicos no Brasil ainda são de papel. Segundo ele, algumas principais áreas que seu grupo pesquisa na USP usando o big data são estudos multicêntricos, que são pesquisas feitas em diversas regiões, com maior representatividade e generalização dos resultados; medicina de precisão, com decisões de saúde individualizadas; e internet das coisas, que é a capacidade dos objetos - neste caso sistemas e equipamentos médicos - trocarem informações entre si.

Alexandre Porto Chiavegatto Filho, professor da USP, no Summit Saúde 2016, do Estadão Foto: Felipe Rau| Estadão

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O pesquisador deu alguns exemplos práticos que já estão sendo elaborados. Seu grupo procura, por exemplo, acelerar a triagem de pacientes que chegam ao pronto-socorro com suspeita de zika e dengue. Também há um projeto para reduzir erros de preenchimento em atestados de óbito, que são uma importante fonte de informação para pesquisas em saúde. Outro caso é um estudo feito há 16 anos com um grupo inicial de 2 mil idosos. A ideia é fazer com que os algoritmos estabeleçam quem provavelmente morrerá em cinco, dez ou 15 anos, com base nos padrões entre os idosos do grupo que já faleceram. Os pesquisadores também avaliam o programa Mais Médicos, analisando a melhora em indicadores de saúde e, assim, determinando qual seria o município mais adequado a receber os profissionais desse programa.

Já Renato Policano, da Microsoft, ressaltou a possibilidade do uso do big data para melhorar a eficiência operacional e financeira dos provedores de saúde. Segundo ele, usando a nuvem como habilitador do big data é possível obter ganhos de velocidade, escala, economia e segurança. Enquanto isso, Eduardo Cipriano, da IBM, ressaltou a importância da tecnologia cognitiva, que significa uma revolução na tecnologia da informação. Ele apontou que toda a informação médica do mundo deve dobrar a cada 73 dias até 2020 e que é impossível um médico se manter atualizado.

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