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Após pressão, Ministério da Saúde anuncia compra da vacina da Pfizer e negociação com a Janssen

Pazuello não informou quantas doses da Pfizer devem ser compradas; a promessa foi feita a representantes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM)

Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA – O Ministério da Saúde informou nesta quarta-feira, 3, que acertou a compra de 99 milhões de doses da vacina da Pfizer e negocia a aquisição do imunizante da Janssen, após meses rejeitando propostas destas empresas. Segundo a pasta, o ministro Eduardo Pazuello pediu para a sua equipe "acelerar" os contratos. "Estamos discutindo a possibilidade de contratação da vacina da Pfizer, que hoje se torna realidade”, disse Pazuello em vídeo em vídeo divulgado pelo ministério de uma reunião com a farmacêutica. A decisão do Ministério da Saúde ocorre no momento de explosão de internações e colapso de sistemas de saúde em todo o País. O governo é pressionado para ampliar a oferta de imunizantes, mas Pazuello e o presidente Jair Bolsonaro rejeitam há meses a oferta da Pfizer.

Eduardo Pazuello, ministro da Saúde Foto: Dida Sampaio/Estadão

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A previsão é de compra de 99 milhões de doses da Pfizer, sendo que 9 milhões chegariam ao país até junho, 30 milhões até setembro e o restante até o fim do ano. Nos últimos meses, o titular da Saúde tem sido pressionado a avançar nas negociações com as farmacêuticas e a ampliar a lista de vacinas à disposição.

A Câmara aprovou na terça-feira, 2, um projeto de lei para que a União possa assumir as responsabilidades por eventuais efeitos adversos de vacinas da covid-19. Trata-se de exigência da Pfizer e da Janssen que o governo vinha apontando como abusiva. Como revelou o Estadão, esta permissão chegou a ser colocada em versão prévia da medida provisória 1.026/2021, com aval da pasta de Pazuello e da área jurídica do governo, mas foi excluída do texto final, publicado em janeiro.

Pazuello também pediu para a sua equipe acelerar a compra da vacina da Janssen, segundo apurou o Estadão com um auxiliar do ministro. Este imunizante tem eficácia de 66% e exige a aplicação de apenas uma dose, mas ainda não tem aval para uso no Brasil. O Brasil negocia 38 milhões de doses desta vacina, que chegariam ao País a partir de outubro. Também procurada pelo Estadão, a Janssen ainda não se manifestou. 

A vacina da Pfizer foi a primeira a receber registro pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) contra a covid-19, em 23 de fevereiro. O imunizante tem eficácia global de 95%. Para a população acima de 65 anos, alcança 94%, segundo avaliou a agência sanitária.

Apesar da alta eficácia, Bolsonaro desdenhou em mais de uma oportunidade da proposta do laboratório para venda da vacina. “Lá no contrato da Pfizer está bem claro: ‘Não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema de você’”, disse o presidente em 17 de dezembro. Procurada pela reportagem, a farmacêutica americana ainda não se manifestou. Pazuello deve ser reunir com representantes da empresa ainda nesta quarta. 

A previsão de compra de Pazuello também pode esfriar articulações de prefeitos e governadores para a compra de vacinas em consórcio. Esta possibilidade foi levada ao ministro durante a reunião. O titular da Saúde, no entanto, tem dito que todas as vacinas com registro no País serão adquiridas pelo governo federal, não havendo a necessidade de que Estados e municípios adquiram por conta própria.

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O governador João Doria (PSDB), por exemplo, disse nessa terça-feira que autorizou a compra de 20 milhões de doses da Pfizer e também 20 milhões de doses do imunizante russo Sputnik V.