Pequenas variações numa proteína que alerta o sistema imunológico para a presença de infecções pode estar na origem da rara capacidade que algumas pessoas têm de controlar a infecção pelo HIV sem a necessidade de medicamentos.
Em artigo que aparece na edição online da revista Science, um grupo internacional de pesquisadores descreve como diferenças em cinco aminoácidos da proteína HLA-B associam-se à capacidade do sistema imunológico em controlar naturalmente o HIV.
"Descobrimos que, dos três bilhões de nucleotídeos do genoma humano, um pequeno punhado faz a diferença entre as pessoas que podem continuar saudáveis a despeito do HIV e aquelas que, sem tratamento, terão aids", disse, por meio de nota, o médico Bruce Walker, um dos autores do estudo da Science.
Sabe-se há quase 20 anos que uma pequena minoria - cerca de uma pessoa infectada em cada 300 - é capaz de suprimir naturalmente a replicação do vírus HIV. Cerca de 1.000 dessas pessoas, apelidadas de "controladores", tomaram parte, como voluntárias, no estudo.
A investigação começou com a comparação dos genomas de cerca de 1.000 controladores e 2.600 pessoas com infecção progressiva pelo HIV. A comparação detectou cerca de 300 pontos do DNA que pareciam associados estatisticamente ao controle imunológico do HIV, todos em regiões que regulam a produção das proteínas HLA. Testes mais refinados limitaram o escopo aos aminoácidos da HLA-B.
HLA-B é essencial para o processo pelo qual o sistema imunológico reconhece e destrói células infectadas por vírus. Normalmente, a proteína agarra moléculas do vírus e as arrasta para a membrana da célula infectada, marcando-as para serem eliminadas pelas células T do sistema imunológico.