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‘Percebi algo errado quando eles foram à escola’, diz mãe

Filhos gêmeos de Roberta Pardo Mendes foram diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) 

Foto do author Fabiana Cambricoli
Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Para a técnica em educação Roberta Pardo Mendes, de 44 anos, o metilfenidato foi o que permitiu que seus filhos gêmeos, Murilo e Sofia, de 12 anos, tivessem a oportunidade de seguir os estudos. Ambos foram diagnosticados com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).

Alívio. Para Roberta, metilfenidato permitiu que filhos tivessem oportunidade de seguir os estudos sem problemas Foto: Rafael Arbex/Estadão

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“Percebi que algo estava errado quando eles foram para a escola. A professora me chamou quando eles tinham 6 anos e me disse que enquanto ela lia uma história para os alunos, o Murilo ficava correndo em volta da sala. Ele não parava nem um minuto sequer com o mesmo brinquedo”, conta ela.

Naquele ano, o garoto foi diagnosticado com o transtorno e iniciou o tratamento com o medicamento. Sofia passou pelo mesmo processo um ano depois. “Eles só conseguiram iniciar a alfabetização depois de iniciar a medicação. Antes, não conseguiam ter foco em nada.”

Integrante de uma associação de pais de crianças com TDAH, ela reclama do preconceito que já sofreu por ter optado pelo tratamento com medicação. “Cheguei a ouvir de um psiquiatra da Prefeitura que o que meus filhos tinham não era um transtorno, era um dom. Só que a falta de tratamento pode colocar a criança em risco, porque uma das características do TDAH é que a pessoa nem sempre tem a noção do perigo”, diz ela, que defende que o tratamento seja multidisciplinar. “Hoje eles fazem tratamento no Hospital das Clínicas, com acompanhamento psicológico. O remédio sozinho não faz milagre, mas é necessário.”

A experiência do bancário Felipe (nome fictício), de 33 anos, com o metilfenidato não foi tão bem sucedida. Em 2008, após se queixar de extrema ansiedade e de falta de foco para a psiquiatra, recebeu o diagnóstico de TDAH e a prescrição do medicamento. Desenvolveu dependência e, por um ano, tomou uma dose quatro vezes maior que a prescrita.

“Conseguia ter estímulo e determinação para ler textos da faculdade por horas, conseguia me concentrar, mas acabei desenvolvendo um comportamento abusivo.” Para manter o estoque do remédio, ele se consultava com três médicos diferentes para ter acesso a mais receitas do que o recomendado no mês.

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“Só depois que minha família percebeu que a situação estava fora do controle, contei tudo para a médica e ela disse que eu teria que me internar. Consegui ir parando aos poucos e hoje faço tratamento para depressão e transtorno de ansiedade. Nunca tive TDAH”, diz.

Ele critica a falta de cuidados de alguns médicos no diagnóstico da doença. “Fui a poucas consultas com a psiquiatra e ela já me receitou a Ritalina. Acho que o aumento no consumo pode estar ligado a um uso indiscriminado do remédio.”

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