Pesquisa descarta crise nos preços de alimentos até 2015

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Por GERARD WYNN
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Especulações sobre uma nova crise nos preços alimentícios podem ser exageradas, a julgar por uma pesquisa feita pela Reuters para estimar a cotação futura do trigo e do milho. A tendência é de uma elevação modesta até 2015, sem repetir as altas deste ano, mostraram os resultados na quarta-feira. Também na quarta-feira, a agência da ONU para alimentação e agricultura (FAO) atualizou suas previsões, indicando que o surgimento de novas lavouras poderia compensar a menor safra de trigo neste ano, mas que a escassez alimentar continuará sendo uma ameaça. A pesquisa Reuters faz uma projeção de cinco anos, buscando avaliar tendências de mais longo prazo. Ela mostra que em 2015, com valores ajustados pela inflação, o preço do milho e do trigo estará abaixo do máximo registrado neste ano, mas que a soja estará mais cara. Mesmo assim, os dados não confirmam a expectativa de fortes altas. Em 2007/08, uma alta global nos preços dos alimentos, causada principalmente por um salto na cotação do petróleo, causou distúrbios em alguns países. Neste ano, a quebra da safra russa de trigo e o aumento da demanda na China geraram temores de uma nova crise, fazendo com que o mercado de grãos alcançasse os maiores preços dos últimos anos. "Em 2015, eu diria que o cenário central e razoável é que a produção aumente e que os preços caiam abaixo do que temos agora", disse o diretor de pesquisas com commodities agrícolas do SocGen, Emmanuel Jayet. A ampla variação nas estimativas oferecidas à Reuters com relação a 13 produtos agrícolas em 2015 mostra que existe uma incerteza com os preços. Os valores medianos colocam o milho e o trigo abaixo dos valores máximos deste ano, mas a soja deve ficar 12 por cento acima, sendo cotados respectivamente a 5,5 dólares, 7 dólares e 14,9 dólares por bushel. No mercado de Chicago, o milho atingiu em 9 de novembro o seu maior valor desde agosto de 2008, a 6,05 dólares por bushel para entrega no mês seguinte. O trigo atingiu 8,41 dólares em 6 de agosto, também o maior valor desde agosto de 2008. No caso da soja, a cotação de 13,3775 dólares em 12 de novembro foi a maior desde setembro de 2008. Na sua estimativa divulgada na quarta-feira, a FAO reduziu a previsão da produção de cereais para 2010, em parte por causa da seca na Rússia, a pior em cem anos. É o tipo de efeito climático que segundo os cientistas tende a se tornar mais comum no futuro. Além disso, há forte demanda na China por grãos e oleaginosas, embora os preços tenham recuado na semana passada, graças à decisão de Pequim de liberar estoques para controlar as cotações. Segundo especialistas, o controle dos preços alimentícios em longo prazo exige uma ampliação da produção, o que pode decorrer, por exemplo, de uma elevação da produtividade na África Subsaariana, ou da ampliação da área cultivada no Brasil. (Reportagem adicional de Rene Pastor, em Nova York; e de Mark Weinraub, Sam Nelson e Karl Plume, em Chicago)

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