15 de fevereiro de 2016 | 21h10
RIO - Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciaram que fizeram pela primeira vez no Brasil o sequenciamento completo do genoma do vírus da zika encontrado no líquido amniótico de grávidas de Campina Grande, na Paraíba. O estudo será publicado na revista científica Lancet. A pesquisa abre caminho para o entendimento do comportamento do vírus no organismo e para o desenvolvimento de vacinas e terapias.
Dois dos oito bebês acompanhados em Campina Grande depois que exames revelaram má-formação cerebral morreram. No cérebro das crianças, os cientistas isolaram o vírus. A descoberta foi feita no sábado e revelada pelo jornal O Globo. “O que causou maior surpresa foi a permanência a longo prazo do vírus no organismo da criança, durante a gestação inteira, em contraste com casos que já tínhamos visto no Recife, em que não se conseguiu isolar o vírus após o nascimento”, afirmou o pesquisador Amílcar Tanuri, do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, que fez o sequenciamento do genoma do zika no líquido amniótico.
“Agora vamos analisar o perfil da expressão dos genes das células nervosas alteradas pelos vírus.” Na próxima etapa, os cientistas vão também sequenciar o genoma do vírus encontrado no cérebro para comparar com o achado no líquido amniótico. “É mais uma pecinha que de encaixa nesse quebra-cabeça”, diz o virologista Rodrigo Brindeiro, também da UFRJ.
Síndrome. O grupo do qual Brindeiro e Tanuri fazem parte quer agora sistematizar os dados para descrever o que eles chamam por ora de síndrome congênita da zika. Nessa síndrome, a microcefalia é apenas um dos sintomas. Os bebês que passaram por necropsia, por exemplo, tinham perímetro encefálico considerado normal.
No entanto, apresentavam outros sinais: calcificações no cérebro, ventriculomegalia (ventrículos alargados), rigidez nas articulações e cérebro pouco desenvolvido. “O que tinha no crânio era líquido encefalorraquidiano”, afirmou Brindeiro.
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