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Variante sul-africana reduz em 2/3 eficácia da vacina da Pfizer, sugere estudo

Teste em laboratório foi realizado com amostras de sangue de pessoas que receberam o imunizante; proteção contra casos graves e mortes por covid-19 não foi descartada

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Por Redação
Atualização:

Um estudo de laboratório realizado por cientistas da Pfizer/BioNTech e da University of Texas Medical Branch (UTMB) sugere que a variante sul-africana pode reduzir a proteção de anticorpos da vacina BNT162 em dois terços, não sendo capaz de neutralizar a ação do novo coronavírus. As descobertas foram publicadas no New England Journal of Medicine (NEJM).

Como ainda não há um parâmetro de referência estabelecido para determinar o nível de anticorpos necessários para proteger contra o coronavírus, não está claro se essa redução de dois terços tornará a vacina ineficaz contra a variante que se espalha pelo mundo. Além disso, afirmam as empresas, o teste precisa ser realizado também em pessoas. 

O professor da UTMB e co-autor do estudo, Pei-Yong Shi, disse acreditar que a vacina da Pfizer provavelmente protegerá contra a variante sul-africana Foto: Reuters/Dado Ruvic

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Para o estudo, cientistas desenvolveram um vírus modificado que continha as mesmas mutações carregadas na porção de "spike" da variante do coronavírus altamente contagiosa descoberta pela primeira vez na África do Sul, conhecida como B.1.351. O spike, usado pelo vírus para entrar nas células humanas, é o alvo principal de muitas vacinas contra a covid-19.

Os pesquisadores testaram o vírus modificado em relação ao sangue coletado de pessoas que receberam a vacina e descobriram uma redução de dois terços no nível de anticorpos neutralizantes em comparação com seu efeito na versão mais comum do vírus prevalente nos testes nos EUA.

Professor da UTMB e co-autor do estudo, Pei-Yong Shi disse acreditar que a vacina da Pfizer "provavelmente protegerá" contra a variante. "Não sabemos qual é o número mínimo de neutralização. Não temos essa linha de corte", disse ele, acrescentando que suspeita que a resposta imunológica observada provavelmente esteja significativamente acima do necessário para fornecer proteção.  Shi, diz que agora os pesquisadores devem focar em ensaios clínicos e desenvolvimento de correlatos de proteção - os pontos de referência para determinar quais níveis de anticorpos são protetores.

Em testes clínicos, tanto a vacina Pfizer/BioNTech quanto uma injeção semelhante da Moderna conferiram alguma proteção após uma única dose com uma resposta de anticorpos inferior aos níveis reduzidos causados ​​pela variante sul-africana no estudo de laboratório. Mesmo que a mutação reduza significativamente a eficácia, a vacina ainda deve ajudar a proteger contra doenças graves e morte. Especialistas dizem que esse é o fator mais importante para evitar que sistemas de saúde fiquem sobrecarregados.

A Moderna publicou uma correspondência no NEJM na quarta-feira com dados semelhantes previamente divulgados em outro lugar, que mostraram uma queda de seis vezes nos níveis de anticorpos contra a variante sul-africana. A empresa também disse que a real eficácia de sua vacina contra a variante sul-africana ainda não foi determinada - anteriormente, ela havia dito que acreditava que o imunizante funcionaria contra a variante.

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A Pfizer e a BioNTech estão fazendo investimentos e conversando com reguladores sobre o desenvolvimento de uma versão atualizada de sua vacina de mRNA ou uma injeção de reforço, se necessário. Elas também realizam um teste semelhante em laboratório para entender se a vacina originalmente desenvolvida é eficaz contra a variante encontrada pela primeira vez no Brasil./REUTERS

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