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Piora estado de enfermeira espanhola infectada por Ebola

Profissional admitiu erro no protocolo de segurança e é primeiro caso de infecção fora da África; Libéria pode suspender eleições 

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Por Redação
Atualização:

MADRI - O estado de saúde da enfermeira espanhola infectada por Ebola piorou nesta quinta-feira, 9, dia em que também quatro outras pessoas foram postas em isolamento em Madri. Teresa Romero, de 44 anos, é a primeira pessoa a contrair o vírus fora da África, após ter mantido contato com um religioso que foi repatriado daquele continente para tratamento na Espanha. 

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No total, sete pessoas estão isoladas, apesar de apenas Teresa ter testado positivo para Ebola. Entre os demais está o marido da enfermeira e dois médicos que tratavam a infectada. Três outras pessoas foram liberadas do isolamento após testarem negativo para a doença. 

"A situação clínica dela piorou mas não posso dar mais informações em razão dos desejos expressados pela paciente", disse nesta quinta-feira um oficial de saúde do Hospital Carlos III, que trata a enfermeira.

Movimentação em emergência em que enfermeira foi atendida Foto: Ballesteros/EFE

A Comissão Europeia pediu por explicações sobre como a infecção de Teresa aconteceu em uma ala de alta segurança. "É óbvio que a própria paciente reconheceu que não seguiu a risca o protocolo", disse Ruben Moreno, porta-voz do Partido Popular Europeu.

German Ramirez, um dos médicos do hospital no qual Teresa está sendo tratada, disse na quarta-feira, 8, que ela relatou ter tocado o rosto com uma das luvas de proteção. Na quinta-feira, outro médico que tratou a enfermeira e que está agora em isolamento disse que as mangas das roupas de proteção que usou eram muito curtas. 

Em carta a autoridades do sistema de saúde publicada no jornal El Pais, o médico detalhou que tratava de Teresa por um expediente de 16 horas e não foi informado que ela estava com Ebola. Ele relatou que soube da informação através da imprensa.

Outros funcionários do hospital protestaram contra o que seria um treinamento inadequado para enfrentar o vírus. 

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Peter Piot, professor da Escola Londrina de Medicina Tropical, que foi um dos descobridores da doença há quase 40 anos, disse nesta quarta-feira que "o menor erro pode ser fatal".

"Por exemplo, um momento perigoso é quando você tira a roupa de proteção - você sai da unidade de isolamento, tira a roupa, você está todo suado e tira os óculos e faz isso", disse Piot, apertando as mãos contra os olhos. "E isso pode ser o fim." 

A investigação sobre como a enfermeira contraiu o vírus continua. Um porta-voz do setor de saúde do governo espanhol disse que a ambulância que atendeu Teresa, levando-a de casa ao hospital, apesar de higienizada entre as viagens, continuou a atender outros pacientes sem ser retirada de circulação até que se confirmou que a mulher tinha Ebola.

Não é provável que pacientes transportados no veículo tenham contraído o vírus por não terem mantido contato direto com a infectada, mas estão sendo monitorados. 

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A epidemia de Ebola que avança na África Ocidental há sete meses tem começado a ameaçar áreas fora do setor de saúde, afetando a política e a economia dos país com mais casos, como Libéria, Serra Leoa e Guiné. O pior registro da doença desde a sua descoberta deixou até agora 3.879 pessoas mortas entre 8.033 contagiados. 

Eleições na Libéria. A crise na Libéria adquiriu uma dimensão política depois que a presidente Ellen Johnson Sirleaf solicitou ao Parlamento a suspensão das eleições para o Senado, previstas para o próximo dia 14. O estado de emergência, segundo ela, justifica o atraso do pleito até que o país tenha superado o caos, ou ao menos recupere a sua atmosfera política "livre, aberta e transparente".

A oposição acusou a presidente de haver aberto "uma guerra clara contra a liberdade civil do povo da Libéria". "A carta da presidente diz que estamos a beira do caos. Queremos advertir que qualquer ação que ameace os direitos do povo provocará grande raiva", avisou Jefferson Koijee, presidente jovem do Congresso para a Mudança Democrática (CDC) da oposição liberiana. 

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O Conselho Nacional da Sociedade Civil do país (NCSCL) crê que a solicitação presidencial "ameaça a liberdade civil, a estabilidade do Estado e ataca o centro do sistema democrático". Segundo o ativista e advogado especialista em direitos humanos Tiawon Gongloe, o senado atual não terá maioria suficiente para atuar em nome do Estado, e qualquer decisão que se adote será ilegal. /EFE E REUTERS

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