
28 de fevereiro de 2013 | 22h07
CURITIBA - A troca da palavra "raciocinar" por "assassinar" em uma transcrição de escuta telefônica anexada ao inquérito policial, que o Estado teve acesso, e que culminou com a prisão da médica e chefe da UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba (PR), Virgínia Soares de Souza, sob a acusação de homicídio qualificado, no último dia 19, foi considerada pelo advogado de defesa, Elias Mattar Assad, como um dos fatos que "fizeram diferença e provocaram a prisão temporária e em seguida, preventiva" de sua cliente.
No texto transcrito de uma conversa às 15h29 do dia 24 de janeiro entre a médica e outra pessoa de nome Rodolfo, Virgínia teria dito: "Nós estamos com a cabeça bem tranquila pra "raciocinar", pra tudo, né". Conforme a transcrição, ela diz, "assassinar".
Polícia transfere médica do Paraná para Penitenciária Feminina
A Polícia Civil, porém, informou por meio de nota, que "em meio aos autos há uma corrigenda substituindo o verbo "assassinar" por "raciocinar". A correção teria sido feita no sábado passado.
A delegada do Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde (Nucrisa), Paula Brisola, manteve o silêncio sobre o caso e reafirmou que falará sobre o assunto somente depois de conversar com os familiares de Ivo Spitzner, Paulo José da Silva, Pedro Henrique Nascimento, André Luis Faustino e Luiz Antônio Propst, que morreram entre os dias 24 e 28 de janeiro deste ano.
Segundo Assad, Virgínia, que está detida na Penitenciária Feminina do Paraná, em Piraquara, na Grande Curitiba, o havia alertado sobre problemas nas transcrições. "Naquele momento a médica me disse: "Eu só posso ficar aqui por equívoco", e agora podemos afirmar que esse erro foi o marco inicial do processo de demonização dela", reclamou.
Além dessa troca de verbos, a defesa sustenta que há mais erros de interpretações das conversas gravadas. "Muitos estão fora de contexto", afirma.
Íntegra da Nota da Polícia Civil
O Departamento da Polícia Civil informa que a delegada Paula Brisola, titular do Nucrisa, não pode comentar nada sobre as interceptações telefônicas feitas no caso da UTI de um grande hospital de Curitiba pelo fato das interceptações, assim como todas as interceptações telefônicas feitas em investigações policiais do Brasil, estarem sob sigilo legal. Todavia, informa também que, se alguém tomou conhecimento de parte do inquérito, via advogados de defesa e nunca Polícia Civil, já a instituição não abriu nada para a imprensa, vai notar que há nos autos uma corrigenda substituindo o verbo "assassinar" por "raciocinar".
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