Política da China contra drogas ajuda a disseminar aids, diz ONG

Segundo a Human Rights Watch, forças de segurança impedem o acesso de viciados aos tratamentos do Governo

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Por Redação
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A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta sexta-feira, 5, que as forças de segurança da China retardam a resposta do país à epidemia de aids a qual sofre, impedindo o acesso dos viciados em drogas aos tratamentos assistenciais do Governo.   "Estão afastando os dependentes dos centros de prevenção e lhes negam o acesso aos tratamentos contra a aids", assegurou a HRW no relatório "O círculo irrompível: dependência, reclusão e aids na província chinesa de Guangxi".   A região autônoma, situada no sul da China, perto da fronteira com o Vietnã, tem 49 milhões de habitantes, e é considerada como uma "zona quente" para o consumo de drogas. Além disso, é a região do país com a terceira maior taxa de aids.   Apesar de a China ter recebido elogios por sua agressiva resposta à epidemia desta doença nos últimos anos, a ONG criticou no estudo o tratamento recebido pelos afetados.   O diretor do programa de HIV/aids e Direitos Humanos da ONG, Joe Amon, afirma que "o Governo chinês estendeu os programas de assistência, enquanto a Polícia, ao mesmo tempo, está retardando o acesso dos dependentes a esses serviços".   Os dados oficiais do Executivo chinês indicam que há entre três e seis milhões de viciados em drogas no país, dos quais cerca da metade está infectada com o vírus da aids.   Para a organização, a política do Governo chinês em relação à prevenção do contágio do vírus facilitaria a propagação do HIV.   "Em vez de receber tratamento, são transferidos a celas lotadas e golpeados, e têm assistência médica negada. E, como se fosse pouco, suas famílias são obrigadas a pagar pelo 'tratamento' que recebem", assegurou Amon.   O documento da HRW pede o fim da política de reclusão em centros de desintoxicação obrigatórios e defende a expansão dos esforços comuns de prevenção como a maneira mais efetiva de combater a epidemia da aids na China.   Além disso, a organização pede às Nações Unidas para que apóiem os esforços de reforma das leis que regulam o uso de entorpecentes e para que defenda os direitos de liberdade de expressão, informação, reunião e associação dos afetados pelo vírus na China.

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