Prefeito oferece renúncia e admite que 5 mi dos 11 mi moradores deixaram Wuhan antes de isolamento

Maioria das lojas permaneceu fechada nesta segunda-feira; farmácias abriram, mas faltam máscaras protetoras, desinfetantes para as mãos e outros suprimentos destinados a proteger a população contra o coronavírus

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Por NYT
Atualização:

O prefeito de Wuhan, Zhou Xianwang, e o secretário do Partido Comunista local, Ma Guoqiang, ofereceram renúncia nesta segunda-feira, 27, em meio às crescentes críticas de que a reação das autoridades locais ao coronavírus foi lenta. Em entrevista à emissora estatal CCTV, eles disseram que renunciaram para "apaziguar a indignação política". O prefeito voltou a defender a proibição de viagens, promulgada na semana passada, mas admitiu que 5 milhões dos 11 milhões de moradores deixaram Wuhan antes do início da restrição, classificada por ele de "sem precedentes na história da humanidade".

Paciente chega a hospital em Wuhan, na China Foto: Hector RETAMAL / AFP

 

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Xianwang e Guoqiang afirmaram assumir a responsabilidade pela crise. "Nossos nomes viverão na infâmia, mas enquanto for propício ao controle da doença e à vida e segurança das pessoas, o camarada Ma Guoqiang e eu assumiremos qualquer responsabilidade", disse o prefeito. Até esta segunda-feira, o coronavírus já matou 80 e infectou quase 3 mil pessoas na China.

A declaração de Xianwang voltou a levantar dúvidas sobre a eficácia da quarentena em torno do epicentro viral na província de Hubei, na China central.

"Os tempos radicais exigem medidas radicais", disse Dong-Yan Jin, professor de virologia molecular e oncologia da Escola de Ciências Biomédicas da Universidade de Hong Kong. "Muitas cidades seguiram Wuhan ao anunciar um bloqueio, mas não esqueça que muitos pacientes em potencial já estão lá fora antes de uma ordem administrativa. Vamos fechar o país inteiro?"

 

Trabalhadores médicos da cidade acusam o governo local de reagir lentamente à crise, e os moradores vêm utilizando as mídias sociais para se queixar de que a proibição inesperada de viagens dificultou o acesso a alimentos e serviços de saúde.

Nesta segunda-feira, a maioria das lojas permaneceu fechada, mas supermercados, lojas de produtos frescos e farmácias abriram - embora muitos estabelecimentos tenham ficado sem máscaras protetoras, desinfetantes para as mãos e outros suprimentos destinados a proteger a população contra o vírus.

Moradores com febre e tosse, preocupados com a possibilidade de contrair o coronavírus, continuaram a se internar em clínicas e hospitais, mas em menor número do que nos dias anteriores. As ruas estavam praticamente livres de carros, e muitos moradores caminhavam ou andavam de bicicleta para fazer compras.

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