Prefeitura prevê aumento da demanda por escolas; retorno deve ter até sala de isolamento

Desde maio, são mais de 4,6 mil pedidos de matrículas na rede infantil

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Por Julia Marques
Atualização:

Ao mesmo tempo em que registram diminuição das receitas, as escolas de educação infantil têm de correr para se adequar às exigências caso sejam autorizadas a reabrir. Os protocolos pedem retorno gradual dos estudantes, entrada e saída escalonada e higienização frequente. Nas unidades da Escola Shekinah, as máscaras compradas para professores e funcionários têm cores diferentes, para facilitar o controle da troca a cada duas horas.

Escolas estão com aulas suspensas desde março Foto: Werther Santana/Estadão

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A escola também prevê criar uma sala de isolamento, só para crianças e funcionários que manifestem alguma sintoma da covid-19. O colégio comprou termômetro, vai exigir relatório diário de saúde das crianças e planeja um distanciamento possível entre os pequenos. “Numa mesa de refeitório em que cabem dez, vamos colocar três crianças e tentar proporcionar o maior número de atividades ao ar livre que for possível, com espaços numerados”, explica Sheila Alcântara, mantenedora da escola. Outros colégios investem em totens de álcool em gel e fazem treinamento de profissionais para lidar com a nova situação. Para Eduardo Marino, diretor de Conhecimento Aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, o retorno seguro terá custo alto para as escolas públicas. A Prefeitura de São Paulo já prevê pressão sobre a rede municipal com a debandada de alunos de escolas particulares. Desde maio, são mais de 4,6 mil pedidos de matrículas na rede infantil, segundo a Secretaria Municipal de Educação. Um projeto de lei da Prefeitura encaminhado à Câmara Municipal de São Paulo prevê a aquisição de vagas para a pré-escola (4 e 5 anos) na rede privada. “O objetivo é suprir a demanda das crianças que os pais tiraram das unidades particulares”, informa. O texto autoriza um pagamento mensal, de valor a ser definido, para instituições de ensino voltadas a crianças de 4 e 5 anos, que não sejam da rede municipal pública e estejam previamente credenciadas pela Prefeitura.  Segundo o projeto, a busca por vagas ficará limitada a 5% do número total de estudantes nessa etapa. Hoje, a rede municipal tem 232,5 mil alunos matriculados na pré-escola.

O governo estadual já registrou esse ano, de abril a junho, 2.813 transferências de estudantes da rede privada para a pública. No mesmo período do ano passado, haviam sido 432. As transferências englobam alunos de várias etapas de ensino. 

Procurado para comentar o retorno às aulas presenciais, o subsecretário de Articulação da Secretaria do Estado de São Paulo, Henrique Pimentel, disse que uma proposta de retomar primeiro as aulas da educação infantil chegou a ser ventilada. “Recebemos posicionamento forte das prefeituras contra isso por falar que existem muitas limitações do aluno da educação infantil de cumprir protocolos de higiene e que isso traria um ônus grande.” Segundo Pimentel, o plano de retorno em 8 de setembro está mantido se os indicadores de saúde permitirem a reabertura das escolas nessa data.

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