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SP oferecerá implante de anticoncepcional para adolescentes e usuárias de drogas

Padilha anunciou compra de mil implantes para atender públicos vulneráveis e com menos disciplina para seguir métodos tradicionais

Por Felipe Resk
Atualização:
O anticoncepcional tem formato de bastonete, com 4 centímetros de comprimento e 2 milímetros de diâmetro Foto: REUTERS / Erik De Castro

SÃO PAULO - O sistema municipal de Saúde vai oferecer implantes subdérmicos, um novo método em que o anticoncepcional é inserido sob a pele da mulher, para evitar gravidez indesejada em adolescentes e usuárias de droga na capital paulista. O secretário municipal de Saúde, Alexandre Padilha, anunciou nesta sexta-feira, 12, a aquisição de mil implantes para atender públicos considerados vulneráveis e com menos disciplina para seguir métodos tradicionais, como pílulas.

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O anticoncepcional tem formato de bastonete, 4 centímetros de comprimento, 2 milímetros de diâmetro e dura por pelo menos três anos após a aplicação, feita na parte superior do braço da mulher. "Já começamos o projeto piloto na Maternidade Cachoeirinha (na zona norte) e estamos anunciando isso para todas as maternidades municipais", afirmou Padilha, após um seminário sobre o tema. Se optar por desistir do método, a mulher recupera a fertilidade em até dois meses.

"É uma tecnologia muito apropriada para dois grandes grupos que preocupam muito a Prefeitura hoje: as adolescentes, que têm muita dificuldade de manter uma regularidade no uso de pílula ou de outros métodos anticoncepcionais, e usuárias de droga", disse o secretário. De acordo com ele, gestantes com esse perfil serão orientadas a fazer o implante quando estiverem em maternidades municipais. A Prefeitura também fará busca ativa para encontrar mulheres que precisam do serviço.

Dados apresentados no seminário, com base em pesquisas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontam que 66% das adolescentes gestantes no Brasil não planejaram a gravidez, 30% das usuárias de crack já fizeram sexo para financiar o vício e 46,6% das usuárias já engravidaram após iniciar o uso da droga.

Para o coordenador do Programa de Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal de Saúde, Adalberto Kiochi Aguemi, no entanto, o contraceptivo que vai ser ofertado não é suficiente para resolver o problema da gravidez indesejada na cidade de São Paulo. "Só com o implante não vai ser eficiente", disse em sua apresentação no seminário.

Um dos motivos é que o número de casos que precisam ser tratados são bem superiores à oferta da Prefeitura. Segundo Aguemi, cerca de 23 mil adolescentes engravidam por ano na capital. Ainda de acordo com o coordenador, não há dados sobre o outro grupo, que faz uso abusivo de drogas, mas 2.322 mulheres estão em situação de rua.

Padilha afirma que os mil implantes correspondem ao número inicial do programa. "À medida que você tiver adesão dos profissionais e das mulheres, nós podemos expandir o procedimento", disse. O secretário também disse que o anúncio não tem relação direita com os casos de microcefalia associados ao zika vírus no Brasil, mas que "chama atenção" para importância de planejar a gravidez.

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