Pressionado, Pazuello afirma que há seringas e vacinas para imunizar contra a covid-19 em janeiro

Ministro da Saúde também anunciou a edição de MP que deve facilitar compra de vacinas antes de a Anvisa conceder o registro

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Por Mateus Vargas
Atualização:

BRASÍLIA - Pressionado para antecipar o calendário de imunização contra a covid-19, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou em pronunciamento na noite desta quarta-feira, 5, em cadeia nacional de rádio e televisão, que há seringas, agulhas e vacinas suficientes para começar a campanha ainda neste mês. 

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"Hoje, o Ministério da Saúde está preparado e estruturado em termos financeiros, organizacionais e logísticos para executar o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19. O Brasil já tem disponíveis cerca de 60 milhões de seringas e agulhas nos estados e municípios. Ou seja, um número suficiente para iniciar a vacinação da população ainda neste mês de janeiro", disse o ministro. 

Pazuello também anunciou a edição de medida provisória que deve facilitar a compra de vacinas mesmo antes de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) conceder o registro ou aval de uso emergencial dos produtos. A informação foi antecipada pela Coluna do Estadão. A elaboração das regras ocorre no momento em que o governo articula a importação de 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford/AstraZeneca que foram fabricadas na Índia. Trata-se da aposta do governo federal para começar a imunização em 20 de janeiro.

No pronunciamento, Pazuello afirmou que o governo federal já assegurou a compra de 354 milhões de doses de vacina contra a covid-19 Foto: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

No pronunciamento, Pazuello afirmou que o governo federal já assegurou a compra de 354 milhões de doses de vacina contra a covid-19, sendo 254 milhões do modelo de Oxford/AstraZeneca, que será distribuído pela Fiocruz, além de 100 milhões de doses desenvolvidas pela farmacêutica chinesa Sinovac, cuja distribuição no Brasil cabe ao Instituto Butantã. A compra deste último imunizante é assunto sensível no governo federal devido à briga do presidente Jair Bolsonaro com o governador paulista, João Doria (PSDB). A imunização para a covid-19 deve exigir o uso de duas doses das vacinas.

Pazuello voltou a criticar as condições impostas pela Pfizer na negociação para a compra de seu imunizante. "Importante enfatizar, quanto à Pfizer, que já disponibilizou suas vacinas em vários países, mesmo em quantidades muito reduzidas, que o Ministério da Saúde está trabalhando com os representantes da empresa para resolver as imposições que não encontram amparo na legislação brasileira", disse ele. O ministro citou a isenção de responsabilidade pelos efeitos colaterais da vacina como uma das imposições da farmacêutica. 

O general afirmou ainda que o Brasil deve tornar-se um exportador de vacinas pela covid-19, pois há três fabricantes. Além da Fiocruz e do Butantã, a vacina Sputnik V deve ser fabrica da pela União Química. O ministro disse que além dos contratos assegurados, há negociação para compra com os laboratórios Gamaleya (que desenvolve a Sputinik V), Janssen, Pfizer, Moderna e Barat Biotech.

O ministro voltou a falar que todos os Estados e municípios receberão a vacina de forma "simultânea, igualitária e proporcional à sua população" e que a aplicação não será obrigatória. 

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Compra de seringas

Após fracasso do governo federal na compra de seringas, revelado pelo Estadão, Pazuello garantiu que já há 60 milhões de unidades em estoques dos Estados para começar a imunizar contra a covid-19. Especialistas alertam que estes insumos estavam previstos para as campanhas de outras doenças, como a gripe e o sarampo. No último dia 19, o ministério conseguiu lances válidos para 7,9 milhões de unidades em um pregão para compra de 331 milhões. Agora, a Saúde quer comprar 190 milhões de unidades por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Pazuello afirmou que as primeiras 8 milhões de seringas desta aquisição devem chegar em fevereiro. Além disso, a pasta requisitou 30 milhões de unidades dos estoques da indústria nacional. 

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