Primeiras fotos do planeta Terra completam 50 anos

'Tudo está bem, tudo está bem. Pode-se ver a Terra e um grande rio, embora haja muitas nuvens', disse cosmonauta sobre as fotos

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Por Efe
Atualização:

MOSCOU - O russo Yuri Gagarin levou todas as honras ao ser o primeiro homem a voar para o espaço, mas foi seu suplente, Guerman Titov, o primeiro a fotografar a Terra há 50 anos.

 

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"Gagarin disse ao voltar que tinha visto a Terra e todo mundo acreditou nele. Por isso, a missão de Titov era tirar imagens de nosso planeta que todos pudessem ver", assinalou um dos organizadores da exposição 50 anos de fotografia espacial.

 

Titov, que ainda não tinha superado a decepção que representou para ele não ser o primeiro cosmonauta da história, pôde ver cumprido seu sonho no dia 6 de agosto de 1961 ao subir a bordo da nave Vostok-2 com uma câmera de cinema.

 

"Precisamos de você para missões mais difíceis", tinha dito vários meses antes Sergei Koroliov, o pai da cosmonáutica soviética.

 

O que Titov nunca imaginou é que entraria para a história justamente por ser o primeiro a fazer imagens de nosso planeta com a câmera Konvas Avtomat e alguns carretéis de 300 milímetros, que podem ser vistos na exposição na galeria Fotosoyuz de Moscou.

 

Justamente, as primeiras fotos da Terra foram extraídas da rodagem realizada por Titov durante as 17 voltas que deu em volta de nosso planeta, 25 horas durante as quais inclusive lhe deu tempo para dormir, no que superou Gagarin, que voou 108 minutos.

 

"Tudo está bem, tudo está bem. Pode-se ver a Terra e um grande rio, embora haja muitas nuvens", comunicou ao centro de controle um emocionado Titov.

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As três históricas fotos mostram um planeta Terra de cor azul coberto de nuvens brancas sobre um fundo negro; um tímido amanhecer e uma imagem do guichê de onde o cosmonauta soviético tirou as imagens.

 

Para fazer essas fotos, Titov recebeu mais de 60 horas de instrução no manejo de câmaras que o transformaram em um autêntico fotógrafo profissional.

 

Na exposição podem ser vistas várias imagens de Titov, Gagarin e Valentina Tereshkova, a primeira mulher a viajar ao espaço, com câmeras na mão.

 

Desde a proeza de Titov, a fotografia fez parte de todas as missões espaciais, como quando Neil Amstrong desceu na superfície lunar a bordo do Apolo 11 e fez imagens nas quais aparecem a Lua e a Terra na mesma foto.

 

 

Mas somente em 1972 os tripulantes do Apolo 17, os últimos a pisar a Lua, fotografaram a Terra por completo, uma foto que entrou para a história da humanidade e foi pendurada nas paredes dos lares de meio mundo.

 

Há apenas alguns dias, dois cosmonautas russos aproveitaram uma caminhada ao exterior da Estação Espacial Internacional para fazer três retratos de Gagarin, Koroliov e do cientista russo Konstantin Tsiolkovski com a Terra ao fundo.

 

Agora, por outro lado, as melhores fotos não são feitas pelos tripulantes das naves russas Soyuz, das naves americanas nem da plataforma orbital, mas pelos satélites e pelas sondas que protagonizam os voos interplanetários.

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Além de tirar fotos, Titov, que tinha apenas 25 anos quando viajou ao espaço exterior, foi o primeiro homem a sofrer vertigens devido à falta de gravidade, o que não o impediu de conciliar o sono com facilidade.

 

Sua viúva, Tamara, comentou que Titov nunca se considerou um herói, já que opinava que seu voo tinha sido uma conquista de "todo o povo soviético", mas era "orgulhoso" de ter sido um pioneiro na conquista do espaço.

 

"Titov foi o primeiro fotógrafo espacial. Graças a seu trabalho, soubemos quanto que a Terra é bonita. Mas a principal coisa demonstrada por seu voo foi que o homem podia viver e trabalhar no cosmos", assinalou.

 

Sua proeza permitiu aos cientistas soviéticos comprovar que o homem podia suportar longos voos espaciais sem sofrer alterações em seu estado de saúde e, de quebra, deu um novo golpe propagandístico nos Estados Unidos.

 

No dia 5 de maio o voo suborbital do astronauta americano Alan Shepard a bordo do Freedom-7 tinha sido a resposta de Washington à façanha de Gagarin, mas sua travessia tinha durado apenas 15 minutos, por isso que a URSS estava claramente á frente dos EUA na incipiente corrida espacial.

 

Titov, que continua sendo o homem mais jovem a viajar ao espaço, morreu no ano 2000 e apenas é recordado pelos russos, com a exceção de sua cidade natal, Polkovnikovo (região siberiana da República Altaica), que inaugurará neste sábado, um museu em sua honra.

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