Os novos surtos de gripe registrados nas últimas semanas acenderam o alerta sobre a necessidade de adoção de medidas de prevenção para evitar a disseminação da doença. Os casos aumentaram no Rio, mas também já chegaram a São Paulo e devem chegar a outros Estados, segundo perspectiva da Fiocruz. Os cuidados, apontam os especialistas, são os mesmos recomendados para controle da covid-19.
A vacinação contra a gripe também desempenha um importante papel na contenção do avanço da doença, apesar das indicações de que a cepa atual vem conseguindo se propagar. O uso de medidas não farmacológicas também se faz necessário. O médico epidemiologista Márcio Bittencourt e a infectologista da Unicamp Raquel Stucchi elencam os cuidados contra a gripe:
- Uso adequado de máscaras bem ajustadas ao rosto e com alto poder de filtração, como as proteções PFF2;
- Manutenção do distanciamento social;
- Evitar aglomerações em locais fechados;
- Privilegiar e incentivar a ventilação natural em ambientes fechados;
- Adequada higiene das mãos;
- Vacinação contra a influenza.
A infectologista alerta que os sintomas da gripe e da covid-19 podem ser muito parecidos e confundidos, ainda que, na gripe, é possível ter sintomas até mais intensos, como febre alta, calafrios, muita dor no corpo e um mal-estar forte que impede a pessoa de continuar com suas atividades rotineiras.
A recomendação, diz Bittencourt, é a de que toda a suspeita da covid-19 seja testada, assim como as suspeitas mais graves da influenza. Ambos os especialistas apontam que os exames são importantes do ponto de vista epidemiológico, assim como para o próprio paciente. O médico, ao saber com qual vírus a pessoa foi infectada, poderá indicar as orientações ou o tratamento adequado, como com o antiviral, no caso da gripe.
Bittencourt destaca que, no caso de aparecimento de sintomas, é preciso procurar atendimento médico e se isolar de outras pessoas, a fim de evitar a transmissão de qualquer vírus. Caso ocorra infecção por algum dos vírus, o tempo de isolamento necessário para evitar a contaminação de outras pessoas é diferente para cada doença: para a covid-19 é de 10 dias e para a gripe é de 14 dias, informa Raquel.
Além disso, a infectologista atenta para que pessoas com quaisquer sintomas não compareçam às reuniões de fim ano, a fim de evitar se tornarem um veículo de transmissão da influenza ou da covid-19.
Baixa cobertura vacinal e flexibilização de medidas de proteção explicam surto de gripe
O surto de gripe nesse momento é explicado por dois motivos principais, coloca Raquel. O primeiro é a baixa cobertura vacinal contra a doença neste ano, e o segundo é a flexibilização das medidas de proteção: "A circulação do vírus da gripesem proteção pela vacinação facilitou a transmissão, levando ao aumento do número de casos", analisa.
Raquel também destaca que a variante H3N2 da influenza, que está circulando no Brasil hoje, não faz parte da vacina disponível para 2021. A especialista recomenda que as pessoas se vacinem contra a influenza também no próximo ano, quando a proteção contra essa variante será incluída.
Ela ressalta que completar o esquema vacinal contra a covid-19 permanece extremamente relevante, especialmente nesse momento em que circula a variante Ômicron.
"Ao que parece, nós estamos num momento de controle da pandemia da covid-19, mas temos a variante Ômicron chegando e não sabemos ainda qual será a repercussão dela entre nós", afirma a especialista.