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Proteção envolve ação rápida

Envelhecimento da população e demora em buscar tratamento sustentam o crescimento

Por Marcella Centofanti
Atualização:

A incidência de câncer vem aumentando no Brasil. De acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), para 2020 são previstos 625 mil novos casos, 43 mil mais que a previsão feita no relatório anterior, de 2018. Em 2019, dado mais recente disponível sobre mortalidade, 232 mil brasileiros perderam a vida para a doença, ante 220 mil no levantamento de 2017.

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O fenômeno é semelhante no mundo. Cálculos da Agência Internacional para Pesquisas sobre o Câncer, vinculada à Organização Mundial da Saúde, preveem que, em 2020, houve 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de mortes no planeta. A estatística referente a 2018 apontava 18,1 milhões de novos casos e 9,6 milhões de óbitos no globo.

Segundo o cirurgião oncológico Genival Barbosa de Carvalho, diretor médico do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo, o crescimento populacional não é a única explicação para a subida nos números. “O principal motivo é que as pessoas estão envelhecendo, e idade é o fator de risco mais importante para o câncer”, aponta ele. “A outra razão é que as campanhas de prevenção existentes ainda não são totalmente eficientes. Calcula-se que aproximadamente 70% dos casos poderiam ser evitados com adoção de hábitos saudáveis, como manter um peso adequado, não fumar, não beber, evitar a exposição solar e controlar infecções virais que causam câncer.”

Além de estar cada vez mais exposto às causas da neoplasia, o brasileiro também demora a buscar tratamento. De acordo com Carvalho, de 60% a 70% dos pacientes do País são diagnosticados em estágios avançados da enfermidade. “Uma vez que a pessoa tenha a doença, o mais importante é procurar atendimento médico rapidamente. O diagnóstico e o tratamento precoces aumentam muito a chance de cura, causam menos sequelas e diminuem as despesas para o sistema de saúde”, afirma o médico.

Fontes: Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Ministério da Saúde 
Fontes: Instituto Nacional de Câncer (Inca) e Ministério da Saúde 

O que é o câncer e como ele se desenvolve

Nome é dado a um conjunto de doenças causadas pelo crescimento descontrolado de células

Produzido por Estadão Blue Studio 

O corpo humano é composto por trilhões de células, que, ao longo da vida, crescem, se dividem e morrem, de maneira controlada. O câncer começa quando algo dá errado no processo de divisão e as células crescem e se multiplicam descontroladamente, podendo invadir tecidos e órgãos vizinhos ao local do problema ou distantes dele, no caso da metástase.

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Câncer é um nome genérico para um conjunto de mais de 100 doenças com a mesma causa. Seus diferentes tipos correspondem às várias espécies de células do corpo. Se começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são chamados de carcinomas. Caso se iniciem em tecidos conjuntivos, a exemplo de osso e músculo, são chamados de sarcomas.

O tipo de câncer sempre leva o nome do local onde a doença se manifestou primeiro. Quando se origina na mama e se espalha para os ossos, por exemplo, é denominado câncer de mama metastático.

Como se proteger contra os tumores mais frequentes

Conheça os principais fatores de risco, sintomas e tratamentos dos cânceres que mais afetam mulheres e homens brasileiros

Cavidade oral

Principais fatores de risco: Tabagismo e consumo de bebida alcoólica.

Sintomas: Feridas na cavidade oral ou nos lábios que não cicatrizam por mais de 15 dias, manchas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas, caroços no pescoço e rouquidão persistente. Nos casos mais avançados, observa-se dificuldade de mastigação e de engolir, na fala e para movimentar a língua.

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Tratamento: Cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação deles, a depender do estágio da doença e do perfil do paciente.

Colo do útero

Principais fatores de risco: Infecção pelo vírus HPV, tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais.

Sintomas: Não apresenta sintomas na fase inicial. Em casos avançados, pode manifestar sangramento vaginal intermitente ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor no abdômen associada a queixas urinárias ou intestinais.

Tratamento: Cirurgia, quimioterapia e radioterapia, a depender do estágio da doença, do tamanho do tumor, idade da paciente e desejo de ter filhos.

Cólon e reto

Principais fatores de risco: Idade acima de 50 anos, excesso de peso, alimentação pobre em frutas e fibras, alto consumo de carne vermelha ou processada, tabagismo, consumo de bebida alcoólica, exposição frequente a raio X e histórico familiar de câncer de intestino e de doença inflamatória intestinal (retocolite ulcerativa e doença de Crohn).

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Sintomas: Sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal (diarreia e prisão de ventre alternados), dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração na forma das fezes (finas e compridas) e massa abdominal.

Tratamento: Cirurgia para retirada de parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos, radioterapia, associada ou não a quimioterapia, de acordo com o estágio da doença e do perfil do paciente.

Estômago

Principais fatores de risco: Infecção pela bactéria H. pylori, excesso de peso, consumo de álcool e tabaco e ingestão excessiva de sal.

Sintomas: Perda de peso e de apetite, fadiga, sensação de estômago cheio, vômitos, náuseas, desconforto abdominal, sangue nas fezes, fezes escurecidas, pastosas e com odor muito forte.

Tratamento: Dependendo da fase em que a doença se encontra e das condições do paciente, inclui cirurgia, quimioterapia e radioterapia.

Glândula tireoide

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Principais fatores de risco: Histórico familiar de câncer de tireoide, dieta pobre em iodo e ter se submetido a radioterapia do pescoço, mesmo em baixas doses.

Sintomas: Nódulos na tireoide em pessoas com histórico de radioterapia ou de câncer da tireoide na família e alteração na voz.

Tratamento: Cirurgia e terapia com iodo radioativo.

Mama

Principais fatores de risco: Idade acima de 50 anos, excesso de peso, sedentarismo, exposição frequente a raio X, menopausa após os 55 anos, alteração genética, especialmente nos genes BRCA 1 e 2, e histórico familiar de câncer de ovário e de mama.

Sintomas: Caroço fixo e geralmente indolor na mama, pele da mama avermelhada, retraída ou parecida com casca de laranja, alterações no mamilo, pequenos caroços nas axilas ou no pescoço, saída espontânea de líquido pelo mamilo.

Tratamento: Depende da fase em que a doença se encontra, do tipo do tumor e das condições da paciente. Pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.

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Próstata

Principais fatores de risco: Idade acima de 50 anos, histórico familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos e excesso de peso.

Sintomas: Dificuldade de urinar e necessidade de urinar mais vezes. Na fase avançada, pode provocar dor óssea.

Tratamento: Cirurgia, radioterapia e terapia hormonal, de acordo com o paciente e o estágio da doença.

Traqueia, brônquio e pulmão

Principais fatores de risco: Tabagismo, idade acima de 50 anos, exposição à poluição do ar, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos e histórico familiar de câncer de pulmão.

Sintomas: Tosse persistente, escarro com sangue, dor no peito, rouquidão, piora da falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente ou bronquite, cansaço ou fraqueza.

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Tratamento: Dependendo do paciente e do estágio da doença, inclui cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia-alvo.

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