Quarentena de Covid eleva risco de violência doméstica; canais online são alternativas para denúncia

Governo federal lança aplicativo na internet para apurar queixas; vendedora da zona Sul de SP foi agredida pelo marido

PUBLICIDADE

Foto do author Gonçalo Junior
Por Gonçalo Junior
Atualização:
Os serviços de atendimento à violência sexual, como delegacias de defesa da mulher, ficam concentrados em cidades mais populosas Foto: Alexandre Carvalho/A2img/Governo de São Paulo

Denúncia online

O app previsto pelo governo estará disponível para celulares e computadores, para denúncias de violência a mulher, criança e demais violações de direitos em ambiente doméstico. “Garantimos o anonimato, não podemos deixar de denunciar. Vai funcionar 24 horas por dia”, disse Damares. Além da ferramenta, que poderá ser baixada no site do ministério e em lojas virtuais de apps, há os canais por telefone – 100 e 180 – para receber denúncias de violência e pedidos de socorro. Em São Paulo, as vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia online na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil. Desde o dia 25, injúria, insultos e calúnias podem ser reportados sem a necessidade que a vítima saia de casa. Mas em caso de crimes com necessidade de coleta de materiais, como estupro e agressão física, a recomendação é ir à delegacia da mulher. Canais não oficiais de denúncia também são alternativas. O Mapa do Acolhimento é um site que conecta mulheres que precisam de ajuda psicológica ou jurídica com profissionais voluntários para atendimento presencial. O app de enfrentamento à violência da mulher PenhaS, criado pelo Instituto AzMina, tem até um botão de pânico. A vítima pode escolher até cinco pessoas para serem acionadas em caso de urgência por mensagens SMS. Elas podem ainda dialogar, de modo anônimo, com outras usuárias – especialistas apontam que o diálogo é fundamental para a mulher identificar e superar relacionamentos abusivos e violências. O app foi nomeado em referência à Lei Maria da Penha que prevê violência física, emocional, patrimonial, sexual e moral como crimes. São5 mil mulheres cadastradas. “O isolamento será mais uma arma que o agressor usará para que as vítimas se distanciem de suas redes de acolhimento, de informação ou de ajuda. Estamos criando estratégias para nos conectarmos. Podemos estar distantes fisicamente, mas isoladas nunca”, diz a jornalista Marília Taufic, idealizadora do PenhaS. A violência doméstica pode ser também psicológica (ameaça, constrangimento, humilhação), patrimonial (controle do dinheiro, destruição de bens) e moral (calúnias e vida íntima exposta sem o consentimento). /COLABORARAM ANNE WARTH, ANDRÉ BORGES, JULIA LINDNER e ERIKA MOTODA

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.