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Quebra de patentes na área de saúde divide especialistas do setor

Momento atual da ciência no Brasil foi discutido no Summit Saúde 2021

Por Ícaro Malta
Atualização:

Durante o Summit Saúde 2021, evento realizado pelo Estadão para debater o futuro da saúde no Brasil pós-pandemia, especialistas discutiram sobre a inovação e investimentos na pesquisa. Participaram Abner Lobão, diretor executivo de Medical Affairs da Takeda, Elizabeth de Carvalhaes, presidente executiva da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, Margareth Pretti Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, Sue Ann Costa Clemens, professora de Saúde Global na Universidade de Oxford e diretora do Grupo de Vacinas Oxford-Brasil, e Esper Kallás, médico infectologista e professor da USP.

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Durante o evento, ficou claro que o Brasil ainda tem muito o que evoluir. Segundo Elizabeth, o País tem muita pesquisa clínica, "mas tem muita lição de casa para fazer". Esper Kallás defendeu a pesquisa nas universidades públicas e citou o molnupiravir como um caso de sucesso. Em contrapartida, citou o alto preço do medicamento como exemplo que justifica a quebra de patentes.

"A indústria peca quando ela cria salvaguardas, traves e dificuldades para fazer chegar, inclusive no momento de uma pandemia tão grave como a gente está vivendo, vacinas para países como Haiti, países da África onde não chegam."

Deacordo com defensores, a quebra das patentes das vacinas ajudaria na fabricação e distribuição mais uniformes Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

Representante da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa, Elizabeth de Carvalhaes criticou a iniciativa do governo federal de derrubar as patentes. "Essas ações intempestivas na pandemia criam discussões caras, do ponto de vista político e do investimento, e não trazem solução." Elizabeth acredita que as parcerias que trouxeram vacinas para o País, como a da Astrazeneca com a Fundação Oswaldo Cruz, trariam "soluções mais ágeis dentro do tempo da ciência".

O caminho também foi apontado pelo representante da Takeda no Brasil, Abner Lobão. Na opinião dele, as parcerias aceleraram os processos para a obtenção de novos imunizantes. "A gente tem de ter aprendido alguma coisa, para que cada vez mais a gente tenha aceleração dos processos e faça com que, no mundo acelerado que a gente vive, os problemas que hoje são os problemas dos pacientes possam ser atendidos", afirmou.

Kallás também comentou sobre o momento atual da ciência no Brasil. "Alguns colegas foram duramente atacados, Marcos Lacerda ameaçado de morte. As pessoas tentam distorcer as mensagens de investir em ciência de boa qualidade e achar soluções através dela", concluiu.

Sue Ann ressaltou que a mistura de diferentes tecnologias de vacinas ajuda a ter um reforço melhor. "A vacina ajudou o mundo a frear essa pandemia, mas agora a gente precisa ser responsável para saber quando dar a dose de reforço", afirmou.

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A fuga de cientistas brasileiros para outros países também foi comentada durante o painel. A pesquisadora Margareth Pretti Dalcolmo criticou os cortes no orçamento de pesquisa. "Em nenhum processo civilizatório você admitiria que alguém chamasse de gasto o que é investir em uma nova geração de pessoas", afirmou. Para ela, o atual momento deveria servir para uma retomada da valorização dos cientistas do País.

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