PUBLICIDADE

Queiroga diz que óbito infantil pela covid não pede decisão emergencial; 1.148 crianças já morreram

Anvisa autorizou uso da vacina na faixa etária de 5 a 11 anos há uma semana; aplicação é defendida por especialistas

Foto do author Eduardo Gayer
Por Eduardo Gayer
Atualização:

BRASÍLIA - Pressionado a iniciar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a covid-19, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira, 23, que as mortes pela doença nessa faixa etária estão em nível que não demanda “decisões emergenciais”. A imunização infantil com a vacina da Pfizer foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) há uma semana e tem respaldo da comunidade científica. A gestão Jair Bolsonaro, porém, abriu uma consulta pública sobre o assunto e diz que só vai decidir sobre a aplicação em janeiro. 

Conforme o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, ao menos 1.148 crianças de 0 a 9 anos já morreram de covid no Brasil desde o início da pandemia. O número supera o total de mortes infantis por doenças com vacinas existentes, como mostrou o Estadão/Broadcast Político.

Marcelo Queiroga durante conferência em Brasília;Ministro da Saúde declarou que vacinação de crianças contra covid-19 não exige 'decisões emergenciais' Foto: Ueslei Marcelino/Reuters - 08/10/2021

PUBLICIDADE

“Os óbitos em crianças (por covid-19) estão absolutamente dentro de um patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, favorece o Ministério da Saúde, que tem que tomar suas decisões em evidências científicas de qualidade”, afirmou Queiroga as jornalistas.“Felizmente, o número de óbitos nessa faixa etária é baixa. Isso quer dizer que não devemos nos preocupar? Claro que não. Mas mesmo que as vacinas começassem a ser aplicadas amanhã, isso não teria o condão de resolver o problema de forma retrospectiva”, acrescentou.

A vacinação de crianças de 5 a 11 anos com doses pediátricas da Pfizer foi aprovada pela Anvisa na quinta-feira passada, seguindo o que já havia sido feito por autoridades sanitárias dos Estados Unidos e da União Europeia há mais de um mês. Além da Anvisa, a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), órgão consultivo do próprio Ministério da Saúde, disse ser favorável à vacinação infantil. Estudos já mostraram que o uso do imunizante nesta faixa etária é seguro e eficaz. A Fiocruz, inclusive, defende que a medida é fundamental para a imunidade coletiva contra a doença.

O Ministério da Saúde, contudo, abriu uma consulta popular nesta quinta-feira, 23, sobre o início da aplicação de vacinas nessa faixa etária, frente à resistência do presidente Jair Bolsonaro (PL) aos imunizantes. Uma decisão se o governo vai ou não autorizar a vacinação infantil só será anunciada em 5 de janeiro. Isso porque após o fim da consulta pública, que vai até o dia 2, o ministério pretende realizar ainda uma audiência para analisar as contribuições apresentadas.

Especialistas afirmam estranhar o procedimento, que não foi adotado quando a Anvisa autorizou a vacinação da população adulta, em janeiro deste ano, nem quando houve o aval para imunizar adolescentes, em junho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.