04 de julho de 2019 | 23h55
SÃO PAULO - O número de casos de sarampo mais do que dobrou em menos de um mês na capital paulista - de 32 para 78 registros, aumento de 143%. O câmpus da Universidade de São Paulo (USP), no Butantã, na zona oeste, teve o primeiro caso registrado e há outro em investigação. Por causa disso, haverá vacinação de bloqueio na Cidade Universitária, onde circulam cerca de cem mil pessoas por dia letivo.
Já existem notificações da doença em todas as regiões da cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, há ainda 364 notificações de casos de suspeita em investigação. Não houve registro de mortes.
Entre os casos confirmados na capital, oito são importados (cuja infecção ocorreu fora de São Paulo) e os demais estão sendo investigados para que a secretaria determine se a contaminação ocorreu internamente. Conforme a pasta, “não é possível afirmar que há uma região com maior risco de transmissão da doença”.
Para a médica infectologista Zarifa Khoury, a alta é significativa. “Temos de ficar em alerta. Não tínhamos mais casos de sarampo”, diz a consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A cidade não registrava casos de sarampo desde 2016. Este ano, o Brasil também perdeu o certificado de país livre do sarampo, dado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) em 2016.
Jovens e adultos estão mais vulneráveis à doença, embora o sarampo nesses casos seja menos grave do que em crianças ou idosos. A vulnerabilidade ocorre porque é comum que pessoas nessa faixa etária não tenham tomado o reforço.
“A cada semana, tenho de um a dois casos”, diz Raquel Muarrek, infectologista do Hospital São Luiz - a maioria, diz ela, de jovens e adultos. O risco nessa população são infecções secundárias. “A complicação do sarampo é pneumonia, encefalite, perda auditiva.”
De 10 de junho até o 12 deste mês, é feita campanha de vacinação na capital com foco em pessoas de 15 a 29 anos. Quem não tem certeza se tomou as duas doses deve procurar os postos. Até segunda passada, porém, só 1,6% da população nessa faixa etária havia se imunizado.
Os casos na Cidade Universitária foram relatados pelas direções das Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da Escola de Comunicação e Artes (ECA), duas das principais unidades da USP. Segundo a FFLCH, “um membro discente” foi diagnosticado. Alunos, professores e funcionários da FFLCH foram convocados a se vacinar hoje, em ação de bloqueio.
Ações desse tipo costumam ser realizadas em todos os locais frequentados pelo paciente com suspeita de infecção, como casa, escola, unidade de saúde e meios de transporte usado. Assim , um único caso pode desencadear múltiplos bloqueios em diferentes áreas da cidade, eventualmente até em Estados.
Na ECA, segundo a própria unidade, houve um caso confirmado, na segunda quinzena de junho, e há outro suspeito, mais recente. Não está claro se o caso confirmado na ECA se trata do mesmo que motivou a vacinação na FFLCH.
Nas redes sociais, a Associação Atlética da ECA publicou nota convocando alunos para vacinação em postos. A reitoria e a prefeitura do câmpus da universidade no Butantã não informaram o total de estudantes infectados.
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