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Registro vai à Justiça para não cair de faixa; Campinas e Sorocaba fecham comércio

Plano São Paulo rebaixou também a região de Marília para a faixa mais restrita, mas o município deve recorrer

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

Prefeituras do interior paulista reagiram de formas diferentes à reclassificação de regiões anunciada nesta sexta-feira, 19, pelo governo estadual frente à pandemia do novo coronavírus. Rebaixada à faixa vermelha, a de maior restrição, a prefeitura de Registro anunciou que vai à Justiça para continuar na faixa laranja. Já a prefeitura de Campinas, que foi advertida sobre o risco de rebaixamento, mas continua na faixa laranja, decidiu fechar o comércio a partir de segunda-feira, 19. O Plano São Paulo rebaixou também a região de Marília para a faixa mais restrita, mas o município vai recorrer. A prefeitura de Sorocaba, advertida sobre o risco de regressão da laranja para a vermelha, também decidiu fechar o comércio.

A região de Registro foi rebaixada da fase laranja para a vermelha, a mesma que ocupava há duas semanas. A cidade sede tem 229 casos e sete óbitos pelo coronavírus – há um mês eram 53 casos e 4 mortes. O prefeito de Registro, Gilson Fantin (PSDB), disse que vai à Justiça para impedir a volta. “Fomos surpreendidos com essa reclassificação para a faixa vermelha. Já mobilizamos a secretaria de assuntos jurídicos para buscar na Justiça uma liminar que mantenha Registro e toda região na faixa laranja. Temos documentos oficiais que mostram que, nos últimos dez dias, permanecemos com 30% de ocupação de leitos de enfermaria e 20% dos leitos de UTI.”

O Hospital Regional de Registro, na região do Vale do Ribeira Foto: GILBERTO MARQUES/GOVERNO SP (9/3/2019)

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O prefeito de Marília, Daniel Alonso (PSDB), disse que a cidade – com 233 casos e sete óbitos – tem números mais positivos que cidades do mesmo porte que não foram rebaixadas e não quer mudar de faixa. “A decisão do governo do Estado em rebaixar a região de Marília não provoca nenhuma mudança imediata. Além disso, lembro a todos que a cidade está protegida por uma liminar que nos permite fazer classificação fora da região definida pelo governo.” Segundo ele, a intenção é ficar na faixa laranja, mas ainda são realizados cálculos e projeções. Há um mês, a cidade tinha 37 casos e apenas um óbito.

Já o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), mesmo sem ter sido ainda notificado pelo comitê, decidiu baixar decreto fechando o comércio de rua e dos shoppings por uma semana, a partir de segunda-feira, 22. “É a atitude mais acertada pelo alto índice de ocupação de leitos e para salvaguardar a vida das pessoas. O momento exige o isolamento maior possível para que as pessoas doentes possam ser atendidas. Temos limitações de instalações e de profissionais de saúde”, ressaltou. O decreto sai neste sábado, 20, em edição extra do Diário Oficial, valendo até o dia 29, mas pode ser prorrogado.

Campinas permanece, porém, na fase laranja, sendo que as atividades essenciais continuam funcionando. Nesta sexta-feira, 19, a cidade registrou mais nove mortes pela covid-19, chegando a 268. O prefeito chegou a dizer que a sensação é de estar “enxugando gelo”, pois foram abertos 28 leitos na UPA Carlos Lourenço às 10 horas de quinta-feira, 18, e, no fim da tarde, todos estavam ocupados. O secretário Carmino de Souza lembrou que a abertura da cidade também causou um aumento de pacientes não-covid, como vítimas de acidentes de trânsito.

Em Sorocaba, a prefeita Jaqueline Coutinho (sem partido) anunciou o fechamento do comércio não essencial a partir de segunda-feira, 22, como se a cidade tivesse voltado para a fase vermelha. Sorocaba tem 3.129 casos e 89 mortes pela covid-19 e incidência maior que as demais cidades da região. Desde que o plano de reabertura entrou em vigor, dia 1.º de junho, o movimento nas ruas e lojas foi intenso. Duas semanas depois, a cidade já tinha mais de 90% dos leitos de UTI ocupados.

No caso de Marília, o secretário da Saúde, Cássio Pinto Júnior, disse que não foi levada em conta a entrega, pelo Estado, de 22 respiradores que estão sendo habilitados, o que alivia ainda mais a taxa de ocupação de leitos. “Fizemos a lição de casa, temos números baixos de doentes e de óbitos, então nos resta questionar o quanto científicos são os dados usados pelo governo.” No último dia 10, o juiz Jacob Valente deu tutela parcial ao município no sentido de manter a flexibilidade da atividade econômica local “com possibilidade de recategorização”.

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O prefeito de Marília, Daniel Alonso, anunciou no início da noite que vai manter a cidade na faixa laranja, apesar da decisão do Plano São Paulo, de rebaixar a região para a faixa vermelha. Ele disse que a fiscalização será aumentada, principalmente nos fins de semana, quando as pessoas ignoram a quarentena e fazem churrascos e festas.

Piora na variação de internações

Dados do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marília mostram que a cidade teve piora na variação de internações, um dos principais critérios usados na classificação das regiões. Entre 12 e 18 de junho foram 192 internações, contra 127 da semana anterior – aumento de 51%. O índice de variação de internações, que era de 1,29 na região, passou para 1,51 – acima de 1,5 já coloca a região na faixa vermelha.

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Na região de Registro, segundo o DRS do Vale do Ribeira, entre 12 e 18 de junho, foram registradas 30 internações, quando na semana anterior tinham sido 18. O crescimento foi de 67%, elevando o índice de variação nas internações de 0,86 para 1,67. Em todas as cidades, à exceção de Registro, onde não há medição, houve piora no índice de isolamento social de um mês para cá. Em Campinas, caiu de 58% para 46%; em Sorocaba, de 57% para 41%, e em Marília, de 42% para 41%.

Conforme o secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, o governo age para melhorar a estrutura hospitalar nessas regiões. A de Marília recebeu 41 respiradores, enquanto à de Registro foram destinados dez. No caso de Marília, segundo ele, a liminar invocada pela prefeitura determina que a prefeitura cumpra o plano São Paulo. “Avalio que a interpretação deles está errônea”, afirmou.

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