A Sociedade Brasileira de Física (SBF) lançou o relatório A Física e o desenvolvimento nacional, que apresenta um censo da comunidade de Física no Brasil e sugere caminhos para estimular a inovação tecnológica.
O documento foi preparado pela SBF em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). O objetivo central é diagnosticar os desafios e apontar soluções para estimular uma conexão efetiva entre o setor produtivo e a academia, contribuindo para introduzir melhor os físicos na indústria brasileira.
De acordo com a SBF, o relatório fornece subsídios para um planejamento estratégico efetivo para a Física brasileira, em favor do desenvolvimento. O documento fundamentou suas conclusões em um censo detalhado, que retrata a atual organização da comunidade da área de Física no Brasil. Estima-se que hoje no país o número total de físicos seja da ordem de 10 mil, sendo que 20% do total é composto por estudantes de graduação.
O censo revelou como ainda há espaço para expansão da presença de cientistas dentro das grandes empresas. Dos 2.651 mestres e doutores com emprego formal no Brasil (segundo dados de 2009), apenas cerca de 270 exerciam atividades em pesquisa, desenvolvimento e inovação. De acordo com o levantamento, a maior parte dos físicos empregados atua em setores prioritários da política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior.
As principais ocupações se relacionam com atividades econômicas associadas à indústria extrativa e à de transformação, atividades profissionais científicas e técnicas e à defesa, sendo que o número de físicos nas três primeiras áreas corresponde a cerca de 10% do número de engenheiros, segundo o relatório.
O mapeamento da comunidade mostrou que há um equilíbrio entre físicos teóricos e experimentais - 35% do total nos dois casos -, com outros 26% dedicados ao ensino. Os 4% remanescentes se encontram em atividades de gestão.
O relatório faz recomendações como: estimular a criação de centros de excelência em parceria com as empresas; criar um observatório de Física para a inovação; fazer uma autoavaliação da Física brasileira a cada cinco ou dez anos para subsidiar um planejamento estratégico; e estimular a participação da Física brasileira em programas internacionais de pesquisa e atividades multidisciplinares.