Remédio anticovid molnupiravir será testado em voluntários de seis Estados brasileiros

Medicamento oral contra o novo coronavírus obteve bons resultados em estudos internacionais. A pesquisa no Brasil vai contar com 1,3 mil participantes e integra uma iniciativa global para avaliar a eficácia da substância

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Por Igor Soares
Atualização:

O medicamento oral molnupiravir vai começar a ser testado em fase 3 no Brasil. Dados iniciais obtidos em estudos internacionais apontaram uma eficácia de 50% de redução de risco de hospitalização e morte pela covid-19 após o uso do remédio. A substância tem por objetivo atuar para que o vírus não se multiplique no corpo, evitando o agravamento dos quadros de pessoas infectadas.

A avaliação de uso do molnupiravir se dará por meio de profilaxia pós-exposição (PEP), ou seja, quando indivíduos estão expostos ao vírus porque moram com alguém infectado comprovadamente, por exemplo, e tenham algum sintoma de covid-19. Os testes vão ocorrer de modo duplo-cego, isto é, sem que o pesquisador e o paciente saibam se receberam o medicamento ou placebo. 

Farmacêutica Merck está testando medicamento contra o coronavírus Foto: Merck & Co. via AP

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Por se tratar de um estudo multicêntrico, ou seja, em diversas instituições do País, a fim de ter uma abrangência representativa da população, a pesquisa será feita em centros de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Amazonas, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro, com os dois últimos sob responsabilidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os estudos para saber a eficiência do medicamento começam na próxima semana e vão durar seis meses.

Luis Filipe Delgado, diretor de Pesquisa Clínica da MSD Brasil, observa que as variantes impõem um desafio de novas alternativas de tratamento. “Como a pandemia continua a evoluir com novas variantes e, surtos estão sendo relatados em muitos lugares ao redor do mundo, é importante que investiguemos novas maneiras de prevenir que indivíduos expostos ao vírus desenvolvam a doença”, afirma.

O ensaio vai envolver 1.300 participantes, a partir de 18 anos, que vão receber molnupiravir ou placebo, por via oral, a cada 12 horas por cinco dias. Os voluntários não foram vacinados ou receberam apenas uma dose. Devem morar com uma pessoa infectada e apresentar ao menos um sintoma de covid-19, como febre, tosse, ou perda do paladar ou do olfato.

Outros países também estão dentro da pesquisa, como Argentina, Colômbia, França, Guatemala, Hungria, Japão, México, Peru, Filipinas, Romênia, Rússia, África do Sul, Espanha, Turquia, Ucrânia, Estados Unidos, além do Brasil. 

Estudos nos EUA indicaram 50% de redução de risco

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Já houve estudo de fase 3 do molnupiravir nos Estados Unidos. O medicamento, desenvolvido pela Merck (MSD no Brasil), em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics, teve resultados interinos divulgados em uma análise de tratamento de pacientes ambulatoriais com covid-19 confirmado.

Nesta análise, o medicamento reduziu cerca de 50% o risco de hospitalizações ou mortes. Foram 775 participantes sintomáticos que participaram desta etapa da pesquisa. Não houve registro de mortes após uso do medicamento.

A empresa fez solicitações à agência reguladora de medicamentos dos EUA para uso emergencial e pretende fazer o mesmo com outras no mundo. A finalização dos resultados está prevista para novembro deste ano.

Em um cenário de variantes do Sars-CoV-2, o medicamento demonstrou eficácia contra as variantes Gama, Delta e Mu no estudo anterior.

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