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Ressonância pode detectar risco de TOC, indica pesquisa

Transtorno Obsessivo Compulsivo aflige de 2% a 3% da população.

Por BBC Brasil
Atualização:

Pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, descobriram que exames de ressonância magnética do cérebro podem ajudar a revelar pessoas com predisposição genética a desenvolver o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Pessoas que sofrem com o problema e seus familiares mais próximos possuem uma estrutura cerebral com um funcionamento particular, dizem os cientistas, em artigo publicado na revista científica Brain. Os genes responsáveis pelo TOC continuam desconhecidos, mas, aparentemente, eles modificam a anatomia cerebral, o que poderia tornar o diagnóstico mais fácil. Estima-se que de 2% a 3% da população tenha a doença, que costuma afetar membros da mesma família. O paciente com TOC sofre com medos e pensamentos irracionais, e repetem à exaustão atos como lavar as mãos ou limpar objetos. Os pesquisadores em Cambridge analisaram os exames de ressonância magnética do cérebro de cerca de cem pessoas - algumas sofriam de TOC e outras eram parentes próximos de indivíduos com a doença. Os voluntários também participaram de um teste computadorizado para avaliar sua habilidade em conter comportamentos repetitivos. Tanto os pacientes com TOC quanto seus parentes obtiveram um resultado pior do que os voluntários no grupo de controle. Os cientistas associaram isso à queda de massa cinzenta em regiões do cérebro responsáveis pela supressão de respostas motoras e hábitos. "A deficiência da função cerebral nessas regiões podem contribuir com os comportamentos compulsivos e repetitivos que são característicos do TOC", afirmou Lara Menzies, da equipe de pesquisadores. "Essas mudanças cerebrais aparentemente se transmitem hereditariamente e podem representar um fator genético de risco para que o transtorno apareça". Segundo Menzies, atualmente, o diagnóstico do TOC é feito por psiquiatras e é subjetivo. "Por isso, conhecer as causas por trás da doença pode ajudar a melhorar o diagnóstico e o tratamento clínico", disse. Mas ela afirmou que os cientistas ainda estão longe de identificar os genes que contribuem para a formação da estrutura cerebral de quem sofre com o TOC. "Temos que identificar outros fatores e entender por que parentes que possuem a mesma estrutura cerebral nem sempre desenvolvem a doença", explicou Menzies. Ashley Fluwood, da ONG de apoio OCD-UK, na Grã-Bretanha, disse que, apesar de o estudo de Cambridge ser restrito, os resultados são potencialmente animadores. "Esperamos que esses novos dados levem a uma pesquisa mais abrangente, que ajuda a encontrar um fator que contribua para as causas do TOC", afirmou. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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