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Rio tem 17 casos suspeitos de sarampo sendo investigados

Um deles já teve um resultado preliminar positivo. Especialistas tentam entender se há uma circulação maior do vírus ou se houve uma falha no bloqueio vacinal

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Por Roberta Jansen
Atualização:

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio confirmou nesta quarta-feira, 5, dezessete casos de sarampo sob investigação. Um deles já teve um resultado preliminar positivo, mas ainda aguarda a confirmação do diagnóstico pelo laboratório de referência nacional da Fundação Oswaldo Cruz. Especialistas tentam entender se há uma circulação maior do vírus ou se houve uma falha no bloqueio vacinal.

Vacina está disponível nos postos de saúde, conforme calendário de vacinação do Ministério da Saúde Foto: Werther Santana/Estadão

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O caso que teve resultado preliminar é de uma jovem de 20 anos, moradora de Copacabana, na zonal sul, que estuda na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, no Centro. Diante da situação, os contatos primários e secundários da estudante estão sendo vacinados em caráter emergencial, como forma de bloquear a disseminação do vírus. Isso inclui vários alunos da universidade, além de familiares.

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De acordo com a secretaria de saúde, em 2017 a cobertura vacinal do estado para sarampo em crianças de até um ano de idade foi de 94,8% e no município chegou a 100% -- o que vai de encontro à ideia de que movimentos contrários à vacinação, comuns nos EUA e Europa, estariam ganhando terreno no país. A vacina está disponível nos postos de saúde e não há notícias de falta do produto. Além disso, a jovem contaminada garante que foi vacinada na infância e não fez nenhuma viagem ao exterior.

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“Isso pode ser uma falha vacinal, o que é normal; ou pode também estar havendo uma maior circulação do vírus”, afirmou o médico Alexandre Chieppe, da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde. “Alguns estados do país estão com casos da doença e, além disso, vivemos em um mundo globalizado, em que as pessoas estão viajando o tempo todo: é normal que haja um aumento do risco de disseminação. E se, por alguma razão, encontra alguém mais suscetível, isso pode acontecer”

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O coordenador da Pediatria do Instituto Fernandes Figueira, da Fiocruz, Antonio Flávio Meirelles, elenca ainda outras razões para um eventual retorno do sarampo ao Rio.

“Tem havido uma desvalorização muito grande da especialidade pediátrica, há uma baixa procura pela especialidade e, em consequência, estão faltando profissionais nas unidades de atendimento”, avalia Meirelles. “A falta desse profissional pode, eventualmente, fazer com que algumas crianças não sejam vacinadas porque estão com resfriado comum, por exemplo; em saúde pública a gente chama isso de ‘perda de oportunidade’”.

Uma outra questão, segundo o especialista, seria a precarização das relações de trabalho, que levariam as pessoas a temer faltar ao emprego para levar os filhos para vacinar. Ainda a violência do Rio seria um fator. “Muita gente não sai de casa quando há muito tiroteio nas comunidades.”

Meirelles também minimizou um possível impacto de grupos contrários à vacinação de crianças no registro do caso de sarampo. “A cultura da mãe brasileira é de vacinar as crianças”, afirma. “Se existem pessoas seguindo esses movimentos, que são mais populares no exterior, seria uma parcela ínfima da população.”

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