09 de abril de 2020 | 18h52
BRASÍLIA - A chegada de um primeiro carregamento com 40 milhões de máscaras de proteção prevista para esta sexta-feira, 10, só deverá ocorrer na próxima semana. Entre as questões burocráticas que adiaram a entrega estão discussões sobre onde fará escala o avião que trará os suprimentos. O governo brasileiro não quer correr o risco de ver os objetos que comprou confiscados por outro País.
O secretário-executivo, João Gabbardo, disse que o Ministério da Saúde avalia hoje três rotas alternativas para fazer a escala entre o Brasil e a China. Ele não mencionou quais seriam, mas o Estado já publicou que são Israel, Dubai e Nova Zelândia. "Estamos analisando com o Ministério da Infraestrutura, ainda não foi definido. Tem um problema de onde o avião vai pousar na volta. Não queremos correr o risco de o avião pousar e ocorrer uma retenção, por parte desse país, desses equipamentos de proteção. E isso está sendo estudado. Deverá ocorrer durante a próxima semana", afirmou nesta sexta-feira, 10, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo.
Gabbardo não mencionou os Estados Unidos, mas é sabido que o único país que tem desviado e retido mercadorias do Brasil, até o momento, é o governado por Donald Trump.
Ao todo, o governo brasileiro comprou da China 240 milhões de máscaras. Elas devem chegar ao Brasil em lotes de 40 milhões. Com o entrave burocrático, a nova expectativa da pasta é para que dois carregamentos sejam entregues na próxima semana.
A preocupação com o confisco se dá porque a escassez de suprimentos é uma realidade de muitos países. Equipamentos de proteção como máscaras são fundamentais para profissionais de saúde lidarem com pacientes.
Conforme revelou o Estado, com pressa por conta do avanço da pandemia do novo coronavírus, o governo prepara uma "operação de guerra" para trazer, de forma mais rápida, as 240 milhões de máscaras que o Ministério da Saúde está comprando na China.
Poderão ser contratados de 20 a 50 voos em aviões comerciais para buscar os produtos. De acordo com fontes do governo, seriam necessárias de 15 a 20 aeronaves distintas para a operação. Em volume, é considerada a maior compra governamental do exterior da história - são 4 mil metros cúbicos e 960 toneladas.
Outra opção seria usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), mas a avaliação é que as aeronaves da força são menores e demandam mais voos, o que custaria mais aos cofres públicos. Mesmo em aviões comerciais, os voos poderiam ganhar status de "voo de estado" o que implicaria em maior segurança e menos burocracia no transporte da carga.
A operação é encabeçada pelo Ministério da Infraestrutura com o envolvimento de vários órgãos, inclusive a Controladoria Geral da União (CGU). A pasta da Infraestrutura já começou a fazer cotações com empresas aéreas. Uma das interessadas é a Latam, que poderá ter preferência, por ser brasileira. COLABOROU LORENNA RODRIGUES
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