Rodo com raio ultravioleta para desinfetar piso de hospitais espera validação da Anvisa

Dois equipamentos foram cedidos à Santa Casa de Misericórdia de São Carlos após serem desenvolvido por pesquisadores da USP

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

Um rodo que emite radiação ultravioleta, desenvolvido por pesquisadores da Universidade São Paulo (USP) para descontaminar as grandes áreas com pisos nos hospitais, ainda depende de validação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser usado. A nova arma contra o coronavírus foi criada pelo Grupo de Ótica do Instituto de Física da USP em São Carlos, interior de São Paulo. Dois equipamentos foram cedidos à Santa Casa de Misericórdia local, mas o uso rotineiro só será liberado após os testes de validação. A Anvisa informou que a análise do registro do produto é sigilosa. A radiação UV-C, a forma mais agressiva dos raios ultravioleta, atua como germicida, evitando a propagação do vírus levado pelos calçados das pessoas que adentram os hospitais. O vírus pode persistir durante muitas horas e até dias em diversas superfícies, como metais, vidros, plásticos, porcelanas e madeiras. Conforme o grupo de pesquisa, cada tipo de radiação UV é responsável por causar algum dano biológico. A UV-A, por exemplo, causa alterações na pele e envelhecimento, enquanto a UV-B é responsável por mutações genéticas que levam ao desenvolvimento de câncer da pele.

O rodo com raio ultravioleta neutraliza o coronavírus, mas o uso do equipamento pela Santa Casa de São Carlos (SP) ainda depende de validação pela Anvisa Foto: IFSC-USP/divulgação

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A radiação UV-C é a mais perigosa, mas, nesse caso, segundo o estudo, ela está sendo direcionada contra o vírus e a favor da saúde. A luz UV-C destrói a capa proteica e o material genético do vírus, tornando-o completamente inativo e interrompendo o ciclo de contágio. Para serem eficazes, os rodos devem ser utilizados durante um minuto em cada metro quadrado da superfície a ser descontaminada. Essa mesma fonte de luz está sendo testada com êxito para, em conjunto com outras técnicas, descontaminar por completo órgãos humanos. Esse trabalho de pesquisa é realizado em conjunto entre o IFSC e a Universidade de Toronto, no Canadá. A Santa Casa de São Carlos informou que o uso regular dos rodos ainda depende de testes que, por sua vez, precisam ser homologados pela Anvisa. "Os equipamentos foram cedidos por empréstimo pela USP, por ser universidade pública, mas há um trâmite para liberar o uso que ainda estamos aguardando", informou a assessoria do hospital. A Anvisa informou que equipamentos desinfectadores, descontaminantes e esterilizadores de superfícies (piso, paredes, teto) necessitam ser avaliados pela agência quanto ao teor de desinfecção gerado e a eficácia produzida. Para isso, é necessário comprovar quais micro-organismos foram testados a fim de que se tenham informações se ação bactericida, bacteriostática ou esterilizante para os produtos desinfetantes gerados 'in loco' é efetiva. "As empresas e interessados podem submeter dossiê com consulta prévia para enquadramento do produto com todos os dados possíveis para avaliação técnica", informou. Conforme a agência, a análise dos pedidos de registro é sigilosa, em razão do sigilo comercial de empresas. A Anvisa informa apenas dados de registros já deferidos.

MÁSCARAS

A Santa Casa de São Carlos recebeu 90 máscaras do tipo 'face shields' para a equipe de médicos e outros profissionais da saúde que atendem os casos de coronavírus. Conforme o diretor clínico Flávio Guimarães, os protetores faciais são um dispositivo a mais para proteger o rosto - olhos, nariz e boca - contra partículas, sprays e respingos de fluidos corporais. "Esses acessórios, usados em conjunto com outros equipamentos, aumentam muito a proteção dos profissionais", disse. As máscaras, desenvolvidas por pesquisadores da Europa, foram aperfeiçoadas por vários grupos ao redor do mundo, incluindo a equipe formada por cientistas de engenharia mecânica da USP, engenharia de produção da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) e Centro Federal Renato Archer, de Campinas. A tiara 3D é feita de ABS, um composto de plástico, e a viseira, de PET G, material atóxico. "A própria Santa Casa conduziu um teste de esterilização usando um tipo específico de água oxigenada e o resultado foi satisfatório. Nós e o hospital constatamos ainda que a higienização das máscaras também pode ser feita com água e sabão ou álcool 70%", disse a pesquisadora Zilda de Castro Silveira, da engenharia mecânica da USP.

Santa Casa de São Carlos recebeu 90 máscaras do tipo face shields Foto: Santa Casa de São Carlos/divulgação.
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