Sabia que comorbidade dá prioridade em vacinas? Sete em cada dez brasileiros não sabem, diz estudo

Pacientes com câncer, que vivem com HIV, diabete e problemas cardíacos podem tomar imunizantes específicos gratuitamente nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs)

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Por Paula Felix
Atualização:

SÃO PAULO - Quase 70% dos brasileiros com comorbidades e que integram o grupo com prioridade para receber vacinas afirmam que nunca receberam de médicos e profissionais da saúde a orientação para tomar imunizantes específicos para quem tem doenças crônicas e que são oferecidos gratuitamente no Sistema Único de Saúde ( SUS).

O dado é de uma pesquisa realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) a pedido da farmacêutica Pfizer como parte da campanha Crie Mais Proteção, uma alusão aos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs).

Pacientes com câncer, que vivem com HIV, diabete e problemas cardíacos podem tomar imunizantes específicos gratuitamente Foto: Igor do Vale/Estadão

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O serviço atende pacientes com doenças cardiovasculares, diabete, câncer, que vivem com HIV, transplantados, que possuem pneumopatias e outras doenças crônicas e oferta vacinas para protegê-los de doenças capazes de levá-los a quadros graves, como a pneumonia.

O levantamento foi feito com 2 mil pessoas da cidade de São Paulo e das regiões metropolitanas de Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Salvador e Curitiba, e mostrou ainda que 76% dos pacientes nunca ouviram falar do CRIE. A pesquisa apontou também que 60% dos entrevistados não sabiam que pessoas do grupo de risco têm um calendário específico de vacinação.

"As vacinas são essenciais, principalmente neste momento, que estamos com uma situação grave e hospitais sobrecarregados. Sabemos que, nos pacientes com câncer hematológico, o risco de pneumonia pneumocócica é 57 vezes maior. Somando o fator de idade e ter duas comorbidades, algo que é comum, o risco de pneumonia pneumocócica também é maior", explica Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Na pesquisa, que tem nível de confiança de 95% e margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou menos, 65% dos entrevistados afirmaram desconhecer ou não compreender que há vacina para prevenir a pneumonia pneumocócica

Márjori Dulcine, diretora médica da Pfizer, diz que o objetivo da pesquisa foi analisar o conhecimento da população sobre os CRIEs e doenças crônicas.

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"A maioria dos entrevistados desconhece que diversas condições pertencem ao grupo de risco para condições infecciosas. A pesquisa mostrou que 32% das pessoas afirmaram que é falso ou que não sabiam que pessoas com doenças crônicas precisam ser vacinadas."

Segundo ela, isso é um risco para a saúde desses pacientes e para o retorno de doenças que já tinham sido erradicadas.

"Estamos ouvindo falar muito mais sobre vacinação, mas a pandemia afastou as pessoas de postos e locais onde é feita a vacinação. Isso já culminou no retorno de doenças, como o sarampo. A queda de vacinação leva ao recrudescimento de doenças e casos no Brasil."

O levantamento apontou ainda que mais pessoas da classe A declararam ter, ao menos, uma doença crônica, totalizando 52%. Na classe C, o porcentual caiu para 31%. De acordo com Márjori, isso pode estar relacionado com o nível de conhecimento sobre a própria saúde e acesso a acompanhamento médico.

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A pesquisa mostrou que 57% das pessoas com 55 anos ou mais disseram ter alguma doença crônica. Hipertensão e doenças do coração lideram o ranking de doenças, com 36%, seguidas de diabete (18%).

A infectologista Ana Paula Burian, que atua em uma unidade do CRIE no Espírito Santo, explica que há 52 centros no País e que cada doença crônica tem o seu calendário. Ana Paula destaca a importância de proteger não só o paciente, mas as pessoas que convivem com ele.

"A gente sabe que o paciente imunodeprimido pode responder menos à vacina de gripe, por exemplo. Quando vacina o núcleo familiar todo, evitamos as doenças."

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Isabella reforça que a população não pode se esquecer das doenças que podem ser evitadas com imunizantes e que as pessoas devem ficar atentas ao calendário de vacinação. 

"O paciente especial para a vacina tem uma resposta menor, por isso, essa proteção coletiva vai permitir que tenha uma proteção indireta para ele. Com a cobertura vacinal que temos hoje, eles estão em maior risco."

Campanha no Cristo Redentor e site

A influencer e criadora do canal Supervivente Jussara Del Moral é uma das embaixadoras da campanha e diz que, embora tenha sido diagnosticada com câncer em 2007, só foi conhecer o trabalho dos CRIEs pouco antes da pandemia.

"Não conhecia o CRIE e queria muito que as pessoas soubessem da existência desse serviço. seria bom chegar no oncologista e ser indagado sobre nossa carteirinha, saber quais vacinas a gente tomou e saber que a gente pode e deve tomar as vacinas. A covid veio para levantar essa questão da vacina, a coisa da eficácia, o que, às vezes, é até ruim, porque as pessoas ficam achando que podem escolher a vacina, quando há pessoas estudando para chegar a essas conclusões."

Na noite desta terça-feira, 22, haverá uma projeção no Cristo Redentor. Nela, três pessoas com comprometimento no sistema imunológico serão abraçadas pelo Cristo. Um site da campanha, com informações sobre vacinação desses pacientes, vai entrar no ar no dia próximo dia 29. 

Comorbidades e covid

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Pessoas que têm comorbidades tiveram prioridade para a vacinação contra a covid-19 por terem mais riscos de evoluir para a forma grave da doença. Por falta de padronização nas exigências, chegou a ocorrer corrida por atestadosalgumas pessoas chegaram a ter dificuldades para se imunizar.

No Estado de São Paulo, pessoas sem comorbidades já estão sendo vacinadas. No entanto, caso alguma pessoa do grupo prioritário ainda não tenha tomado as doses da vacina, a recomendação é procurar um posto de saúde para se proteger contra o novo coronavírus.

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