
18 de março de 2020 | 11h00
SÃO PAULO - O avanço do novo coronavírus no Brasil tem provocado a falta de álcool em gel nas prateleiras de supermercados e farmácias. Diante desse cenário, pessoas se questionam se o uso do álcool líquido ou álcool em gel caseiro também funcionaria de forma eficaz contra a covid-19.
Especialistas alertam que o uso do álcool líquido deve ser feito apenas se a pessoa não tiver água e sabão por perto. A lavagem correta das mãos com água e sabão por 20 segundos é considerada a melhor forma de prevenção contra essa e outras doenças. O álcool líquido até pode ser usado, mas somente em último caso. E os especialistas são categóricos: jamais faça uso de álcool em gel caseiro.
Veja as orientações dos especialistas
"Se você usar sempre para higienizar as mãos, o álcool líquido poderá rachá-las e teremos uma porta de entrada para qualquer bactéria. Deve ser algo excepcional. A rotina adequada é usar água e sabão na higienização das mãos, com paciência e de forma adequada, contando até 20 segundos, esfregando as unhas, as palmas das mãos, como um ritual sempre que pegar algo compartilhado. Se não tiver água e sabão por perto, aí sim pode usar álcool em gel", afirma Lauro Ferreira Pinto Neto, infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Santa Casa de Vitória.
O álcool líquido comum pode ser usado para a limpeza de superfícies. "Em superfícies não se usa álcool gel, porque ele faz uma gosma e não funciona adequadamente. Precisa ser álcool líquido. Já o álcool em gel foi feito para as mãos, para proteger e para não ressecar a pele", afirma Anna Sara Levin, infectologista responsável pelo controle de infecção hospitalar da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Considerado antisséptico, o álcool em gel ajuda a evitar o contágio pelo novo coronavírus. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é pela Anvisa é usar soluções onde há concentração de 70% de álcool etílico.
"É um insumo que está acabando nas prateleiras. Precisamos usar com parcimônia. Você pode deixar na bolsa ou dentro do carro e usar quando necessário. Somente se não tiver água e sabão por perto. Reforço ainda que, após lavar as mãos com água e sabão dentro da etiqueta de 20 segundos, não é preciso usar álcool em gel na sequência. Pode usar um ou outro. Para evitar a doença, é importante também não compartilhar objetos pessoais", orienta Pinto Neto.
Diante da falta de álcool em gel nas prateleiras e aumento de preços, algumas pessoas recorrem a receitas caseiras. Já circulam na internet receitas que recomendam a produção do álcool em gel em casa a partir do álcool líquido concentrado. Os especialistas dizem que as pessoas não devem fazer uso desses produtos, pois há riscos.
Segundo o Conselho Federal de Química (CFQ), quando se utiliza álcool líquido em elevadas concentrações, aumenta-se bastante o risco de acidentes que podem provocar incêndios, queimaduras de grau elevado e irritação da pele e mucosas.
"Além disso, a depender do que se utiliza como espessante, no lugar de eliminar microrganismos pode-se potencializar sua proliferação", alerta o conselho.
Os especialistas afirmam que os produtos industrializados passam por rigoroso processo de produção, onde há padrões a serem seguidos, todas as etapas são monitoradas para garantir a qualidade ao consumidor final.
"Eu não aconselho o uso de álcool caseiro. O ideal é usar água e sabão para a limpeza das mãos e o álcool em gel comercializado como segunda alternativa de higienização", diz o infectologista da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Santa Casa de Vitória.
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