29 de novembro de 2021 | 10h56
Atualizado 04 de dezembro de 2021 | 08h32
SÃO PAULO – Com a quarta onda da covid-19 na Europa e o avanço da variante Ômicron, ao menos 20 capitais brasileiras já cancelaram eventos públicos de Réveillon. Até a manhã deste sábado, 4, Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória anunciaram o cancelamento das festas de ano-novo. O Prefeito do Rio de Janeiro também anunciou o cancelamento da festa.
OMS vê risco global da Ômicron como 'muito alto', mas destaca incerteza sobre perigos reais
Além das capitais citadas, Curitiba também não vai realizar festa de réveillon este ano. Entretanto, a prefeitura informou que não costuma celebrar a data com grandes eventos mesmo em períodos fora da pandemia.
As decisões foram anunciadas após a Organização Mundial da Saúde (OMS) enviar aos governos um alerta em que aponta risco global “muito alto” da variante Ômicron. Entretanto, o alerta da OMS ressalva que há poucas evidências concretas sobre se a nova cepa é mais transmissível ou escapa das vacinas.
A nova cepa do vírus, detectada pela primeira vez na África do Sul, impulsionou os planos de evitar aglomerações, que já ocorriam ao longo do mês – mais de 70 municípios paulistas já haviam desistido do carnaval. No Brasil, três casos de infectados pela Ômicron foram confirmados até quarta-feira, 1º.
Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) diz que, com ou sem Ômicron, “todos que puderem suspender aglomerações” devem adotar a medida. “Não podemos baixar a guarda”, defende. Levantamento da CNM, feito de 16 a 19 de novembro, aponta que, de 2.362 gestores ouvidos, 97,8% pretendiam continuar com a máscara obrigatória em locais privados e 88,6% disseram mantê-la em espaços públicos.
Nesta quinta-feira, 2, a Prefeitura de São Paulo cancelou a festividade, por conta do avanço da variante Ômicron. A decisão do prefeito, Ricardo Nunes (MDB), foi baseada em um parecer da Vigilância Sanitária e confirmada ao Estadão em Nova York, onde ele cumpre missão oficial em conjunto com o governador João Doria (PSDB), a convite da InvestSP.
O prefeito de Cuiabá, no Mato Grosso do Sul, Emanuel Pinheiro (MDB), anunciou que vai editar decretos proibindo a realização de festas públicas e privadas de Réveillon e de Carnaval. Festejos familiares, no âmbito residencial, estão liberados. “Independentemente se ela (variante Ômicron) é mais agressiva ou menos agressiva, me parece que ela tem um poder de propagação muito rápido”, disse em coletiva de imprensa, na quarta-feira, 1º.
Pinheiro também informou que a cidade vai passar a cobrar passaporte de vacinação - mas, antes de publicar o decreto, vai conversar com o setor produtivo. A medida, segundo ele, será tomada por conta da nova variante e porque mais de 18 mil cuiabanos não tomaram nenhuma dose da vacina contra covid e outros 50 mil não retornaram para a segunda.
“Diante das recentes notícias sobre o avanço da nova variante do vírus Covid-19, decidi cancelar as festas programadas para o Réveillon”, afirmou o governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), na terça-feira. O Distrito Federal cancelou todas as festas públicas para comemoração do Réveillon, que aconteceriam em cinco palcos descentralizados, com entrada da população que estivesse com o ciclo básico de vacinação concluído.
Em Recife, a prefeitura garantiu a queima de fogos na orla da praia de Boa Viagem e espetáculos em outros quatro lugares. Entretanto, os tradicionais shows de fim de ano, que chegam a reunir cerca de 1 milhão de pessoas, estão cancelados. “Não haverá shows promovidos pela Prefeitura do Recife no Réveillon da nossa cidade”, disse o prefeito João Campos (PSB) nesta terça-feira.
“Diante da chegada de uma nova variante do coronavírus e do aumento de casos na Europa, estou tomando a decisão de cancelar o Virada Salvador deste ano”, escreveu o prefeito soteropolitano, Bruno Reis (DEM), nas redes sociais. O evento costuma reunir mais de 250 mil pessoas. Reis prevê adiar ao máximo a decisão sobre o carnaval – ele quer bater o martelo com o governador baiano, Rui Costa (PT). Pressionado por empresários do setor, Costa já sinalizou cautela. “Países estão fechando cidades quando aparecem cinco casos”, disse, no dia 18.
Diante da chegada de uma nova variante do coronavírus e do aumento de casos na Europa, estou tomando a decisão de cancelar o Virada Salvador desse ano. Sei da importância do evento para economia da nossa cidade, mas seguimos colocando a vida das pessoas em primeiro lugar. — Bruno Reis (@brunoreisba) November 29, 2021
Na sexta, o governo do Ceará informou o cancelamento da tradicional Festa da Virada, na Praia de Iracema, em Fortaleza. “Até chegamos a considerar a possibilidade de realizar nossa tradicional festa da virada, se a situação permitisse”, disse o prefeito José Sarto (PDT). “O cenário internacional é preocupante.”
Florianópolis vai ter queima de fogos, mas não shows musicais. Por outro lado, a capital catarinense prevê festividades natalinas, com público. O Estado suspendeu a exigência de máscaras em local aberto desde a semana passada.
A Prefeitura de Natal, no Rio Grande do Norte, cancelou toda a programação do Réveillon. Os shows musicais na Redinha, a queima de fogos na Ponta Negra e na Ponte Newton Navarro, não vão mais acontecer.
Em Porto Alegre, o prefeito Sebastião Melo (MDB) cancelou a festa de Réveillon dos 250 anos da cidade, que ocorreria na Orla do Guaíba, junto à Usina do Gasômetro.
João Pessoa cancelou a festa, mas o acesso às praias está liberado. Belo Horizonte disse não planejar festa pública de réveillon. Guarujá, que já havia cancelado a virada, decidiu suspender o carnaval.
O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), em coletiva de imprensa na segunda-feira, 29, disse que a gestão analisa a liberação das festas de ano-novo com “cautela”. Porém, a decisão pela realização ou não do evento deve ser anunciada entre os dias 10 e 12 de dezembro.
O evento para o Réveillon, segundo Almeida, já está contratado e parcialmente pago, mas, se necessário, adiará a festividade. “Manaus sofreu muito no início desse ano e nós não queremos que isso retorne”, declarou.
Em Rio Branco a situação é semelhante, a decisão ainda não foi tomada. A Prefeitura declarou que aguarda o posicionamento do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 da cidade.
As festividades de ano-novo estão mantidas em Maceió. A Prefeitura da cidade informou, contudo, que a realização das festas "dependerá da situação sanitária do país com relação à covid e dos protocolos sanitários que estarão vigentes no período". "O Município segue ouvindo as instâncias sanitárias e, em caso de orientação contrária, voltará a debater a questão", disse em nota./COLABOROU SOFIA AGUIAR
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