SP anuncia pedido à Anvisa para uso de mais 4,8 milhões de doses da vacina do Butantã

Imunizantes foram produzidos pelo Instituto Butantã com matéria-prima importada da China

PUBLICIDADE

Por Bruno Ribeiro
Atualização:

O governo de São Paulo requisitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para o uso emergencial de mais 4,8 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida pelo Butantã e pela farmacêutica chinesa Sinovac, além das 6 milhões de doses do imunizante que estão em território nacional. As informações foram repassadas pelo governador João Doria (PSDB), durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, 18. 

PUBLICIDADE

A vacinação começou neste domingo, 17, com a aplicação de uma dose na enfermeira Monica Calanzas, funcionária do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Nesta segunda-feira, o imunizante está sendo distribuído para as regiões de Botucatu, Campinas, Marília, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Outros 4,5 milhões de doses da vacina Coronavac estão sendo enviadas a outros Estados pelo Ministério da Saúde.

A autorização dada pela Anvisa no domingo foi para o uso das doses que haviam sido enviadas diretamente da China para São Paulo. Além das doses prontas, a Sinovac havia enviado material para que o Butantã produzisse as novas 4 milhões de doses, e por isso a necessidade de uma nova autorização. 

“O Butantã está se esforçando para ampliar a quantidade de matéria prima. Temos um lote pronto e aguardamos autorização do governo chinês (para importação)”, disse o presidente do Insttuto Butantã, Dimas Covas. 

O contrato entre a Sinovac e o Butantã prevê o envio de 46 milhões de doses do imunizante para São Paulo, mas Covas não soube dar prazo para que as demais doses cheguem no Estado. Questionado sobre isso, ele respondeu: "“Virá ‘ASAP, as soon as possible’. Quando mais rapidamente essa matéria estiver liberada, melhor para todos”, sem falar em datas. "Preocupa sim a chegada da matéria prima, para não parar a produção", complementou, depois, ao afirmar que o Butantã já tem capacidade para a produção de 1 milhão de doses da vacina por dia, desde que haja matéria-prima.

Pior semana epidemiológica

Em meio ao clima positivo diante do início da vacinação, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, ressaltou que a propagação da covid-19 segue em ritmo acelerado no Estado. “Tivemos a pior semana epidemiológica desde o início da pandemia”, afirmou Gorinchteyn, citando um aumento de 77% no número de novos casos ante a semana anterior e de mais de 50% no total de mortes. As internações tiveram um aumento na casa dos 30%. 

Publicidade

“Hoje seria um dia que deveríamos estar festejando a vinda das vacinas. Sabemos que ainda temos poucas vacinas para imunizar todo o Estado”, ressaltou o secretário. Ao citar a falta de coordenação com o Ministério da Saúde, Gorinchteyn disse que “vamos vacinar a população muito mais vulnerável, idosos e pessoa com comorbidade, de forma muito tardia”.

O Estado de São Paulo superou a taxa de 70,1% de lotação nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). São 6.004 pessoas ocupando esses leitos. O Estado deve bater nesta segunda-feira a marca de 50 mil mortes. Há 1.628.272 casos confirmados da doença em São Paulo.

O secretário afirmou ainda que, dado o aumento dos casos, o Estado mantém “no radar” a reativação de hospitais de campanha para atendimento da população. “Já estamos ampliando leitos dentro de hospitais e também a contratação de hospitais privados. E nós não tiramos do radar os hospitais de campanha”, afirmou.

O ponto de atenção, segundo Gorinchteyn, é a garantia de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e fisioterapeitas para atendimento dos pacientes e para doentes de outras doenças. “Estamos atentos a tudo: tanto essa questão de número de leitos quanto de recursos humanos para a assistência à população.”

Diante do cenário, o secretário fez um novo apelo para que as pessoas fiquem em casa e que, se for necessário que deixem o lar, para usem máscara, evitem aglomeração e façam higienização das mãos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.