29 de janeiro de 2021 | 12h42
O governo de São Paulo começará, a partir do dia 8, a vacinar idosos dentro do programa de imunização contra o coronavírus, segundo informou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) nesta sexta-feira, 29. No dia 8, começa a vacinação de idosos com idade de 90 anos ou mais. Aqueles que têm 85 anos ou mais receberão a primeira dose do imunizante a partir do dia 15.
O plano do governo é de que 1,6 milhão de pessoas do primeiro público-alvo (profissionais de saúde da linha de frente, indígenas, quilombolas e idosos em instituições como asilos) sejam imunizadas até o dia 8. Entre as com 90 anos ou mais, a expectativa é que 206 mil sejam vacinadas e 515 mil pessoas entre 85 e 89 anos.
Os detalhes sobre a vacinação ainda não foram divulgados: o governo ainda vai informar como os idosos devem se dirigir aos postos de vacinação. "Gradualmente, vamos anunciando de forma organizada e planejada para viabilizar essa imunização. A nossa meta é acelerar o programa de vacinação, incluindo todos os grupos no calendário", afirmou Doria.
O que já está decidido é que as estratégias locais de vacinação serão definidas pelos próprios municípios, uma vez que a atenção básica de saúde cabe às cidades. A princípio, os idosos terão de ir até os postos de saúde dos 645 municípios. O pré-cadastro que foi aberto pelo Estado, no site vacinaja.sp.gov.br não será obrigatório para a aplicação do imunizante, mas a secretaria da Saúde vem afirmando que, com o cadastro, o tempo que o idoso passará no posto de saúde poderá ser reduzido de 10 minutos para apenas um.
A decisão sobre o início da imunização dessa população (em que um de cada três internados pela covid-19 acaba morrendo, segundo o governo), foi tomada na manhã desta sexta, poucas horas antes do anúncio oficial. O tema já vinha sendo discutido entre Doria e os demais políticos do primeiro escalão do governo e os técnicos e cientistas que compõe o Centro de Contingência do Coronavírus. A vontade do governador era poder iniciar a campanha já para a população acima dos 80 anos, mas após uma série de cálculos, os técnicos disseram não à iniciativa, sob risco de o número de doses da vacina se mostrar insuficiente. Doria acatou a recomendação.
Na coletiva, o Instituto Butantan informou ter recebido a sinalização do Ministério da Saúde sobre a aquisição de um 2º lote das vacinas Coronavac, com 54 milhões de doses. O instituto vinha pressionando o governo Jair Bolsonaro para indicar a compra do lote, sob argumento de que haveria Estados, municípios e até países vizinhos interessados na compra caso a equipe de Eduardo Pazuello não se manifestasse logo.
Doria chegou a dar ultimato para que Brasília se manifestasse até o dia 5 sobre o tema. “Caso o Ministério da Saúde não confirme até esta data (dia 5) que vai adquirir mais 54 milhões de doses contra a covid-29 do Instituto Butantan, o governo do Estado autoriza desde já o instituto a fornecer doses das vacinas aos Estados e municípios”, disse. Ele foi informado sobre o fato de a comunicação já ter sido feita logo na sequência. Esse lote de 54 milhões começaria a ser produzido após abril, prazo final assumido pelo Butantan para enviar as primeiras 46 milhões de doses já compradas pelo ministério ao Sistema Único de Saúde (SUS).
O governo do Estado também afirmou que não irá aumentar o intervalo de tempo entre a aplicação da primeira para a segunda dose da vacina, respeitando o limite estabelecido nos testes da fabricante Sinovac de 28 dias. Os profissionais de saúde que receberam a primeira dose no último dia 17 devem começar a receber a segunda aplicação no dia 14, segundo a coordenadora de Controle de Doenças do Estado, Regiane de Paula. A decisão se deu diante da falta de aprovação do ministério da saúde para prorrogar os prazos.
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que discordava da avaliação do ministério, dizendo que não era “ético” manter vacinas em estoque para a aplicação da segunda dose diante da quantidade de pessoas que não receberam ainda a primeira injeção do imunizante.
São Paulo e outros entes federativos aguardam uma confirmação do Ministério da Saúde para retardar a aplicação da segunda dose da vacina Coronavac nas pessoas já imunizadas, o que ampliaria a base do total de pessoas que começou a receber imunização.
Os técnicos do governo viram melhora nos índices de contaminação e internações no interior do Estado e anunciaram mudanças na classificação de algumas regiões no Plano São Paulo, que determina as restrições às atividades econômicas durante a quarentena. As regiões de Presidente Prudente e Sorocaba, que estavam na fase vermelha, em que só as atividades essenciais podem funcionar, voltaram para a fase laranja. Por outro lado, a região de Ribeirão Preto, que estava na fase laranja, passará agora para a fase vermelha.
A taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Estado está em 69,9% e na Grande São Paulo, 69,4%. É uma pequena oscilação para baixo, após as taxas ficarem acima de 70% nas últimas quatro semanas.
O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que, relação à semana anterior, a semana atual teve uma queda de 1% no número de mortes e 9% no número de internações. São 52,722 mortes confirmadas até o momento. “Medidas sanitárias ajudam e colaboram para que possamos salvar vidas”, disse. Houve, entretanto, aumento de 2% no número de novos casos, ainda em relação à semana anterior.
O governo do Estado anunciou ainda a suspensão dos pontos facultativos estaduais durante o carnaval deste ano, a exemplo do que já havia sido adotado por cidades como São Paulo e Belo Horizonte, de forma a evitar as festividades. “Essa é a recomendação do centro de contingência da covid-19”, disse o governador, ao destacar que não seria “adequado” promover as aglomerações comuns nas festas ao longo da pandemia.
O governo do Estado previa um retorno das aulas na rede privada de São Paulo a partir da próxima segunda-feira, dia 1º, e o retorno na rede pública a partir da semana seguinte, no dia 8. Mas uma decisão da Justiça, acatando pedido de duas associações representantes dos professores, que veem ainda insegurança para o retorno às atividades presenciais.
Sobre este tema, o secretário da Educação, Rossieli Soares, pediu paciência aos pais e disse que o Estado já havia adotado todas as medidas legais para reverter a decisão.
"O Estado entrou com recurso agora pela manhã. O processo está concluso ao presidente do Tribunal de Justiça, com a decisão podendo sair a qualquer momento. Estamos muito confiantes que o presidente do Tribunal de Justiça indeferirá a continuidade desta liminar", afirmou o secretário.
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