'Se autoridades acham que é possível abrir o comércio, achamos que é possível abrir bares também'

Segundo a Abrasel, cerca de 20% do setor quebrou durante a pandemia do coronavírus no Estado de São Paulo, o que corresponde a 50 mil estabelecimentos

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Por Érika Motoda
Atualização:

Bares e restaurantes ficaram na fase 3 do Plano São Paulo, que prevê a reabertura escalonada da economia no Estado. Assim, esse setor não voltará a funcionar agora em junho, o que levou a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel-SP) a manifestar seu "inconformismo" e pedir a revisão do cronograma para que possam antecipar suas atividades. 

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Para o presidente da Abrasel-SP, Percival Maricato, não faz sentido permitir que o shopping e o comércio em geral abram enquanto bares e restaurantes estão proibidos, pois todos têm em comum a mesma característica: a circulação de pessoas. “Não entendemos por que fomos excluídos se também nos comprometemos a seguir o protocolo de segurança.”

A reabertura gradual foi anunciada na quarta, 27, poucas semanas depois de o governador João Doria (PSDB) cogitar o lockdown se houvesse necessidade. A definição do estágio de cada região do Estado causou polêmica entre os prefeitos — sobretudo pela cidade de São Paulo, epicentro da doença, ter ficado na fase dois, a laranja, que permite a reabertura de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércios e shoppings centers. Doria, então, admitiu adotar medidas duras caso não haja um “comportamento adequado” na reabertura. 

Maricato defende que as pessoas fiquem em casa, mas considera que bares e restaurantes são necessários. “Quando a gente faz uma campanha para ficar em casa, é não sair mais do que o necessário. Mas é diferente de lockdown. Não achamos que há contradição nisso. Não achamos que ir a um bar ou restaurante é desnecessário. Isso é sociabilidade, olho no olho, é contato e interação entre as pessoas. É questão de saúde mental. Achamos, sim, que somos serviços muito importantes para a sociedade.”

Com exceção de algumas cidades, o modelo que o País tem adotado é o distanciamento social, em que não se isola as pessoas, mas sim faz com que elas se afastem umas das outras

Perguntado se abrir os bares não aumentaria a transmissão, já que vai estimular as pessoas a se reunirem, Maricato disse que há uma “imensidão de possibilidades” entre o lockdown e a reabertura completa - como quer o presidente Jair Bolsonaro. “Não queremos prender todo mundo em casa nem que saiam sem critérios. Eu acho que manter o distanciamento entrega certo equilíbrio. E se as autoridades acham que já é possível abrir o comércio, nós achamos que é possível abrir bar e restaurante.”

Segundo a Abrasel, cerca de 20% do setor quebrou durante a pandemia do coronavírus no Estado de São Paulo, o que corresponde a 50 mil estabelecimentos, 100 mil pequenos empresários e mais de 300 mil funcionários. A associação estima que esse número possa duplicar até julho, quando, em tese, se iniciará a fase 3 do Plano São Paulo. 

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A Abrasel demonstrou urgência na volta das atividades, pois metade dos restaurantes e 80% dos bares não adotaram o delivery. E os que adotaram não faturam 20% dos custos, segundo dados da associação. 

São Paulo é o epicentro da pandemia do coronavírus no Brasil Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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