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Se for aprovada, Coronavac pode ser aplicada já neste domingo em algumas pessoas

Segundo apurou o 'Estadão', as primeiras doses podem ser aplicadas durante o pronunciamento do governador João Doria (PSDB), marcado para ocorrer no Hospital das Clínicas logo ao término da votação da Anvisa

Foto do author Iander Porcella
Por Mateus Vargas , Iander Porcella (Broadcast) e João Prata
Atualização:

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reúne a sua diretoria colegiada neste domingo para decidir se permite ou não o uso emergencial da Coronavac e da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. Os imunizantes desenvolvidos contra o coronavírus serão distribuídos no Brasil, respectivamente, pelo Instituto Butantã e pela Fiocruz

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O Ministério da Saúde vem afirmando que, caso as vacinas sejam aprovadas, a vacinação em todo o País começaria já na quarta-feira. O ministério, inclusive, planeja um evento, no Palácio do Planalto, em Brasília, para abrir oficialmente a campanha de vacinação. Mas o Estado de São Paulo pode se antecipar e já vacinar algumas pessoas neste domingo mesmo.

Segundo apurou o Estadão, as primeiras doses da Coronavac podem ser aplicadas durante o pronunciamento do governador João Doria (PSDB), marcado para ocorrer no Hospital das Clínicas logo ao término da votação da Anvisa.

Governador João Doria (ao centro) durante coletiva no dia 7 de janeiro que anunciou os dados gerais de eficácia da Coronavac em testes realizados no Brasil Foto: Nelson Almeida/AFP

Profissionais da saúde de diferentes hospitais do Estado receberam convite para estarem na cerimônia e receberem as primeiras doses da Coronavac. Alguns médicos ouvidos pela reportagem afirmaram que ainda estão em dúvida em comparecer ao evento por considerar o ato político. O presidente Jair Bolsonaro e Doria são adversários e miram a eleição de 2022.

Ao Broadcast/Estadão, o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn afirmou neste sábado pela manhã que a vacinação da covid-19 poderia começar oficialmente na segunda no Estado, mas ainda dependia das tratativas com o Ministério da Saúde sobre a quantidade de doses da Coronavac que ficarão no Estado. “Estamos prontos para começar a qualquer momento”, disse.

De acordo com Gorinchteyn, o cronograma de imunização em São Paulo, assim como o número de pessoas que serão vacinadas, só poderá ser definido quando a Secretaria de Saúde souber quantas doses receberá da vacina produzida pelo Instituto Butantã em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. “A gente depende dessas tratativas. Precisamos definir com eles o que eles vão fazer”, disse.

O secretário, porém, negou que haja um impasse com o governo de Jair Bolsonaro. “Estamos nos posicionando como sempre fizemos. Não existe nenhum desconforto ou falta de cordialidade entre as partes.”

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O governo federal pediu ao Instituto Butantã na última sexta-feira a entrega imediata das 6 milhões de doses da vacina que já estão prontas. O Butantã, então, questionou a Saúde sobre o número de doses do imunizante que será destinado a São Paulo. Em ofício, o governo federal respondeu que tem a responsabilidade pela elaboração, atualização e coordenação do Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra a covid-19.

“O Butantã não distribui nada, o que existe é uma alocação dessas vacinas para o Ministério. Porém, proporcionalmente, o instituto retém aquilo que é para São Paulo. Sempre foi assim. Não é novidade”, afirmou Gorinchteyn, que pediu “bom senso” nas tratativas.

De acordo com Gorinchteyn, não é “racional” enviar todas as doses da Coronavac para a Saúde: “Eu mando para a União. Ela desloca para outros lugares. Daí volta para São Paulo. Quer dizer, vamos pensar em análises de estratégias logísticas, de custos, e da demora frente à urgência pandêmica que se faz presente.”

Decisão da Anvisa

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A  palavra da autoridade regulatória é o último passo para disponibilizar à população as vacinas que estão no País. A reunião começa às 10h deste domingo e deve durar no máximo até as 15h. A diretoria colegiada da agência é formada por cinco membros, sendo um deles o presidente do órgão, o médico e contra-almirante Antonio Barra Torres. A decisão ocorre por maioria simples de votos.

Mais cedo, neste sábado, a Anvisa informou que Fiocruz e Butantã terminaram a entrega de documentos sobre as vacinas. Uma equipe de cerca de 50 pessoas trabalha na análise dos dois processos. A relatora será a diretora Meiruze Freitas, farmacêutica e servidora da agência. Ela é responsável pela área que trata do registro de medicamentos e vacinas.

A reunião será transmitida pelos canais digitais da Anvisa e pela a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que administra a TV Brasil, além de rádios e outros canais do governo. As discussões públicas da agência sempre são transmitidas.

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Butantã e Fiocruz serão notificados pela Anvisa sobre a decisão após a reunião. “Também será publicado no portal da agência um relatório com as bases técnicas da avaliação sobre a autorização temporária de uso emergencial, em caráter experimental, de cada vacina contra a covid-19”, diz a Anvisa.

Apenas farmacêuticas que realizaram estudos clínicos de fase 3 no País podem pedir o aval para aplicar a vacina neste formato, pelas regras atuais da agência. O uso emergencial pode ser feito mesmo com estudos de desenvolvimento do produto em andamento. Na noite deste sábado, a Anvisa rejeitou o pedido de uso emergencial da vacina Sputnik V por descumprir 'requisitos mínimos'.

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