O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu nesta quinta-feira, 11, contra o alarme excessivo que a declaração da pandemia de gripe suína pode causar e ressaltou a necessidade de respeitar os direitos humanos e evitar a discriminação dos infectados.
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"O alerta se elevou, mas é só uma declaração sobre a propagação geográfica da doença. Não é causa de alarme", afirmou Ki-moon durante sua entrevista coletiva mensal nas Nações Unidas.
Em Genebra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma pandemia pelo surto do vírus causador da gripe, declarado no final de abril e que infectou quase 30.000 pessoas em 74 países, causando a morte de 141 pessoas.
"Embora infeccioso, este novo vírus não parece, até o momento, ser tão severo como se temia e as taxas de mortalidade são baixas", indicou o secretário-geral, que afirmou também que embora o vírus por enquanto tenha afetado países mais desenvolvidos, a tendência poderia mudar e infecções passarem a acontecer nos países com sistemas sanitários menos desenvolvidos.
O secretário-geral da ONU advertiu, além disso, que a estação da gripe normal já está começando no hemisfério sul do planeta e que por isso, os países têm que estar preparados com melhor acesso às vacinas, remédios antivirais e antibióticos.
"A elaboração das vacinas já começou e as primeiras doses estarão disponíveis em setembro", indicou o responsável da ONU, que apelou também para a solidariedade global.
No início de maio, logo depois que os primeiros casos da doença foram declarados, Ki-moon já tinha advertido os países contra as proibições de viajar e à imposição de restrições ao comércio de carne suína, decretados de forma injustificada por alguns Governos.
Viagens
"Precisamos nos precaver contra ações precipitadas e discriminatórias, como restrições às viagens ou ao comércio", disse Ban numa coletiva de imprensa concedida na sede da ONU. "Nossa resposta a qualquer pandemia precisa ser fundamentada na ciência."
Ban enfatizou que o anúncio é uma declaração formal sobre a difusão geográfica da doença, acrescentando: "Não é uma causa de alarme por si só."
Ele disse que embora o vírus até agora não tenha se mostrado tão grave quanto se temia, o mundo precisa ficar atento, especialmente na medida em que o vírus chega a países mais pobres com sistemas de saúde menos desenvolvidos e que o hemisfério sul ingressa na temporada da gripe.
"Vamos trabalhar com governos nacionais e a Organização Mundial de Saúde para assegurar que nossa resposta seja bem coordenada e tão eficaz quanto possível", disse ele.
Ban Ki-moon pediu solidariedade global, acrescentando que amostras do vírus e outras informações sobre a doença precisam ser compartilhadas ampla e abertamente.
Ele disse que vai convocar para segunda-feira uma reunião do Comitê de Orientação sobre a Gripe para mapear os próximos passos a serem adotados.