Servidores do Instituto Nacional de Cardiologia preparam protesto contra troca de diretores

Funcionários temem instabilidade da instituição, referência nacional na área

PUBLICIDADE

Por Ligia Formenti
Atualização:
Em um ano e meio, o INC assistiu à troca de três de seus diretores Foto: FABIO MOTTA/AGENCIA ESTADO

BRASÍLIA - Servidores do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) preparam para esta quarta-feira, 29, um protesto contra a instabilidade na instituição, referência nacional. Em um ano e meio, o INC assistiu à troca de três de seus diretores, sempre por determinação do Ministério da Saúde. O último a deixar o cargo foi José Oscar Brito, na semana passada. Ele havia assumido em dezembro, no lugar de Andrei Monteiro, que, por sua vez, ficou 9 meses no cargo.

PUBLICIDADE

Apreensivos com tamanha instabilidade, funcionários publicaram no fim de semana uma carta com críticas às mudanças. Nesta segunda, realizaram uma assembleia que lotou um auditório da instituição. O maior receio é que tantas alterações prejudiquem o atendimento de pacientes e, neste momento, a execução do orçamento. 

Em entrevista ao Estado, funcionários observaram que setembro é o período em que as compras para 2018 começam a ser organizadas. Uma pessoa que não tenha experiência com gestão hospitalar, asseguram, poderia colocar em risco todo o processo de aquisição e, em consequência, o abastecimento de 2018.

No mesmo decreto em que consta a exoneração de Brito, assinado no dia 23 de agosto, consta a nomeação de Rafael Diamante, um médico plantonista do hospital Copa Star. Diamante, no entanto, já teria avisado que não assumiria. Servidores pedem que Brito retorne para o cargo.

Brito teria sido afastado por ser ligado à deputada do PMDB, Laura Carneiro, que votou a favor da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer. Questionado pelo Estado se a troca havia ocorrido por razões políticas, o ministro da Saúde, Ricardo Barros respondeu: “Gestão é sempre uma questão política. Estamos em busca de resultados.” O ministro admitiu que Diamante, o novo indicado, não deverá assumir e que sua equipe está em busca de um novo nome.

Barros afirmou que trocas serão feitas até que um diretor que se “alinhe à política de gestão” da pasta seja encontrado. Barros afirmou haver um corporativismo na instituição. Entre os problemas enfrentados, disse, estaria a resistência dos funcionários em permitir a implantação do sistema de biometria para controle de presença. “Queremos produtividade, eficiência. Operar em rede, comprar em escalas”, disse o ministro.

O Instituto Nacional de Cardiologia é referência nacional na área e responsável atualmente por boa parte das cirurgias cardíacas e transplantes realizados no Estado do Rio. Até junho deste ano, foram realizadas 34.767 consultas, 755 cirurgias cardíacas, 6 transplantes cardíacos, 1.549 cateterismos e 647 angioplastias. A projeção é fazer, até dezembro, 69.534 consultas, 1.510 cirurgias, 12 transplantes, 3.088 cateterismos e 1.294 angioplastias. 

Publicidade

Comparando o primeiro semestre do ano passado com o mesmo período deste ano, houve um crescimento de 6% das angioplastias, de 7% nas cirurgias, 5% do número de leitos ocupados e 6% de ecocardiogramas, de acordo com dados fornecidos pelos funcionários ao Estado. A queda ocorreu nos serviços de hemodinâmica: 15% a menos do que no mesmo período do ano passado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.