Sinais de perigo na tela do computador

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Por Agencia Estado
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Desde que deixou de tomar uma sala inteira e passou a ocupar o espaço de uma mesa de um por um metro, o computador veio para ficar. Dizer que "todo mundo usa" está longe de ser uma verdade absoluta, mas representa bem a maciça presença da maquininha - primeiro no trabalho e, agora mais que nunca, nas casas das pessoas. O uso intensivo do equipamento suscita muita polêmica sobre possíveis prejuízos à saúde. Os primeiros problemas identificados, de ordem ergonômica na maioria das vezes, vêm sendo tratados há alguns anos. Especialistas, no entanto, ainda não chegaram a um consenso sobre os efeitos da radiação propagada por meio dos monitores dos computadores para o organismo dos usuários. Embora quase não haja evidência científica de que essa radiação prejudique a saúde, sob o ponto de vista da radiestesia - campo de estudo que trata das vibrações energéticas do ambiente e dos seres vivos - o que não faltam são riscos. Os radiestesistas dizem que a exposição aos monitores é capaz de provocar distúrbios energéticos nos usuários. "Se lembrarmos que o corpo é todo energia, concluímos que muito tempo no computador só tem a afetar o organismo", diz Raul Breves, engenheiro eletrônico e radiestesista. "Quem passa cinco ou seis horas diárias na frente da tela sente um forte mal-estar", afirma. Energia - Um teste neuromuscular conhecido como "O-Ring Test" pode, segundo Breves, provar que os computadores drenam a energia do organismo. A prática procura mostrar como o corpo reage às agressões do ambiente. É simples: basta juntar as pontas do polegar e do indicador de uma das mãos em forma de anel e pressioná-las, enquanto se fecha o punho com os dedos restantes. Alguém que tentar separá-las terá mais facilidade para fazê-lo se o dono dos dedos estiver na frente de um monitor "Os músculos ficam mais frágeis, perdem força", explica o radiestesista. É claro que o poder de causar as disfunções energéticas não é privilégio dos monitores de computador. Outros equipamentos eletrônicos, como o telefone celular, a televisão, o ar-condicionado e até as lâmpadas econômicas de luz branca, provocam efeitos semelhantes. A diferença está no tempo de exposição a cada aparelho. Quem usa o computador para trabalhar, pode passar um turno inteiro de frente para a tela. "As pessoas não percebem no momento, só notam com o passar das horas", diz Breves. A sensação de desconforto é provocada pelas cargas positivas liberadas pelo equipamento no ambiente, as quais ajudam a acelerar a oxidação das células - em outras palavras, o processo de envelhecimento dos tecidos. "É algo vago: pode se manifestar na forma de ansiedade, cansaço, tristeza ou insônia", explica Wu Kwang, cirurgião vascular e presidente da Associação Brasileira de Radiestesia e Radiônica. E o pior, alertam os radiestesistas, é que os efeitos da radiação são cumulativos. "Imediatamente, o corpo mostra que há distúrbios de energia, mas os efeitos são, em geral, percebidos a longo prazo", segundo Wu Kwang. "Leva um tempo para que se desenvolva uma doença." Até para os radiestesistas, no entanto, é difícil precisar quais males podem surgir em decorrência da radiação dos monitores. Tudo depende do estado energético de cada pessoa, explica Breves. "O surgimento das doenças está relacionado ao nível de estresse, aos problemas emocionais e à fragilidade de cada um." Para Wu Kwang, até as tendinites podem estar, de uma maneira ou outra, ligadas às disfunções energéticas provocadas pelas longas exposições. Rádio-relógio - A comunidade científica questiona as conclusões dos radiestesistas. "Há muita polêmica, mas nenhum fato comprovado definitivamente", explica o epidemiologista Victor Wünsch. "Todo equipamento elétrico gera campos magnéticos e a intensidade da exposição está na ordem direta da proximidade do indivíduo em relação a ele. Indivíduos que usam computadores estão muito próximos dos monitores e dos campos, o que, no entanto, pode ser semelhante a estar perto de um rádio-relógio." Mário Leite, engenheiro e chefe do Laboratório de Equipamentos Elétricos e Óticos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), concorda. "Muita gente diz que faz mal, mas a maioria acredita que não faça." No IPT são feitos ensaios técnicos para medir as intensidades de emissão de três naturezas diferentes de radiação dos monitores: a ótica, os campos eletromagnéticos e os raios-X. Delas, apenas os raios-X representariam algum perigo comprovado para o organismo. "Felizmente, os fabricantes vêm se preocupando com isso há muito tempo e nenhum dos modelos ou marcas que certificamos no IPT emite esse tipo de radiação", diz. Pelo menos metade das marcas de monitores vendidos no Brasil passa pelos profissionais do instituto. "É muito difícil atribuir possíveis efeitos para a saúde decorrentes da exposição a campos magnéticos gerados por monitores de computador", reitera Victor Wünsch. "Os problemas do uso intenso de computadores estão mais ligados a disfunções ergonométricas, interferência na percepção vibrotáctil ou alterações de ordem psicológica, no caso de utilização compulsiva."

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