Situação se agrava em hospitais do Rio

Procura de leitos cresce nas áreas pública e privada; previsão é de ‘aumento de contágio'

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Por Roberta Jansen
Atualização:

RIO - Com praticamente todos os leitos destinados a pacientes de covid ocupados, o sistema de saúde do Rio de Janeiro está à beira de um colapso. A ocupação das UTIs da rede pública já passa dos 90%, com cerca de 250 pessoas com manifestações graves da doença aguardando vaga.

Sem lugar. Cerca de 250 pessoas aguardam por uma vaga Foto: Jorge Hely/Framephoto

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Para piorar a situação, 16 mil profissionais de saúde do município estão com os salários atrasados, entre eles os que trabalham no Hospital Raul Gazolla, de referência para covid-19, e no Hospital de Campanha do Riocentro, voltado exclusivamente para a pandemia. 

Governo e prefeitura prometeram abrir aproximadamente 300 vagas nos próximos 15 dias, mas se recusaram a impor novas medidas de restrição. Especialistas dizem que apenas a abertura de leitos não resolve e um colapso é iminente. “A situação está pior do que no pico da epidemia, naquele momento tínhamos mais leitos”, avisa o diretor do Conselho Regional de Medicina do Rio, Walter Palis. Ele lembra que muitos hospitais de campanha e leitos emergencialmente abertos foram fechados. “No momento esperamos novos leitos, estamos correndo atrás.” O número de mortes dentro de casa subiu na cidade (de 10 mil no mesmo período do ano passado para 14 mil agora), segundo a Fiocruz.

“Algumas liberações precisam ser revistas, ou o número de casos vai continuar subindo. E ele sobe mais rápido que a nossa capacidade de dar altas e abrir novos leitos”, acrescentou ele. “A sociedade, por sua vez, precisa fazer sua parte, não adianta reclamar e depois ir aglomerar na praia ou na festa.” Ontem, o governo ampliou restrições contra aglomeração. 

Rede privada. Na rede privada, a situação é até pior. A lotação já está em 97% e há pacientes em estado grave nas emergências à espera de UTI. “A expectativa para os próximos dias é de aumento da taxa de contágio”, afirmou o diretor da Associação dos Hospitais Privados do Rio, Graccho Alvim. “Acendeu a luz vermelha, a coisa pode estourar em duas semanas.” Para ele, “algumas medidas antipáticas terão de ser tomadas, como fechar as praias e outros lugares de aglomeração”.

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