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Sorocaba inicia tratamento precoce com kit covid; sindicato médico contesta eficácia

O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que se diz admirador do presidente Jair Bolsonaro, disse que a nova medida vem contribuir com a vacinação

Foto do author José Maria Tomazela
Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - A prefeitura de Sorocaba anunciou ter iniciado nesta sexta-feira, 19, um protocolo de tratamento precoce contra a covid-19, com medicamentos como ivermectina e azitromicina. O chamado kit covid, que inclui ainda paracetamol e dipirona, pode ser retirado em qualquer uma das 31 Unidades Básicas de Saúde (UBS) que contam com dispensário farmacêutico. Estudos científicos indicam que essas drogas não têm eficácia comprovada contra a doença. O Sindicato dos Médicos de Sorocaba e Região (Simesul) contestou a medida.

A prefeitura alegou o atual cenário epidemiológico - a cidade tem hospitais lotados e registrou 17 mortes pela doença nesta quinta-feira - para iniciar o "tratamento de maneira preventiva", segundo a divulgação. "O objetivo é diminuir a letalidade e a complexidade dos casos de covid-19, evitando internação para não sobrecarregar os leitos de saúde", disse o secretário Vinícius Rodrigues. A prefeitura gastou R$ 57 mil na compra dos medicamentos.

Medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina não têm eficácia comprovada contra a covid-19 Foto: Gerard Julien/ AFP

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O prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que se diz admirador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que a nova medida vem contribuir com a vacinação. "Além da vacina, esta é mais uma opção que buscamos cuidar da nossa população. O tratamento dura cinco dias e terá um investimento de R$ 18 por paciente", destacou. Ele disse que o município também pretende adquirir 300 mil vacinas Janssen, do grupo Johnson & Johnson, com recursos próprios e em parceria com a iniciativa privada.

Sem efeito

O presidente do Sindicato dos Médicos, Eduardo Vieira, disse que vai pedir mais detalhes sobre o tratamento precoce adotado pela prefeitura. "Vamos pedir que os médicos que atendem nas unidades básicas de saúde não sejam obrigados a prescrever os medicamentos, já chamados de kit contra o coronavírus." Segundo ele, resoluções da Sociedade Brasileira de Infectologia e trabalhos científicos atestam que os remédios que serão disponibilizados à população não têm efeito frente à doença.

O médico destaca que a cada cem pessoas infectadas pelo vírus, 85 vão ter sintomas leves e melhorar sem necessidade de medicação. "Pode parecer que a melhora do paciente resulta do tratamento chamado precoce, o que abre espaço para que outros tratamentos sem eficácia sejam vistos como bons. Isso cria a falsa sensação de segurança, levando ao desrespeito das demais medidas protetivas."

O secretário da saúde informou que os médicos terão autonomia para prescrever ou não o tratamento. Se o paciente aceitar a medicação precoce, ele terá de assinar um termo concordando com o tratamento.

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