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SP começa a distribuir 407,5 mil kits de intubação doados por empresas

Ao todo, mais de 2,3 milhões de medicamentos de intubação orotraqueal foram importados pelo grupo de empresas, composto por Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen

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Por Redação
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SÃO PAULO - Com estoques em situação preocupante, cidades de São Paulo começaram a receber neste sábado, 17, cotas de kits de intubação doados por empresas privadas. O lote destinado ao Estado é de cerca de 407,5 mil kits, com medicações necessárias no tratamento de pacientes graves de covid-19. Segundo o governo estadual, o quantitativo é suficente apenas para garantir até três dias de abastecimento. 

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Ao todo, mais de 2,3 milhões de medicamentos de intubação orotraqueal foram importados pelo grupo de empresas, composto por Petrobras, Vale, Engie, Itaú Unibanco, Klabin e Raízen. Os kits foram doados ao Ministério da Saúde, responsável por repassar cotas para as 27 unidades federativas do País.

Os medicamentos saíram da China e desembarcaram no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, na sexta-feira, 16. Esses remédios garantem que o paciente seja intubado sem sentir dor e sem tentar arrancar o tubo em reação involuntária.

Hospital de campanha de Santo André. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde afirma que as remessas irão priorizar unidades que atendem pacientes graves e apresentam "maior necessidade de itens neste momento". "A quantidade liberada para São Paulo equivale a, no máximo, três dias de consumo frente à demanda atual dos serviços de saúde de referência para covid-19 no SUS do Estado."

Ainda de acordo com a pasta, São Paulo só recebeu 552.507 medicamentos provenientes da requisição administrativa do Ministério da Saúde em março de 2021, após seis meses sem nenhuma entrega federal. "A quantidade equivale a cinco dias de consumo da rede, que chega a 3,5 milhões de sedativos e neurobloqueadores por mês", diz. "A Secretaria de Estado da Saúde segue cobrando providências e informando diariamente o status de uso e necessidade." No comunicado, o Estado questiona, ainda, os critérios da distribuição e diz que o Ministério "não promove equanimidade entre as unidades federativas".

Segundo o governo Jair Bolsonaro, a política de divisão teria considerado uma série de critérios. Entre eles, o consumo médio mensal e o atual estoque informados por Estados e Distrito Federal.

Pelo menos onze Estados admitem que estão com os estoques dos chamados kits de intubação em níveis críticos ou abaixo dos patamares recomendáveis, incluindo São Paulo, Rio e Minas, conforme mostrou o Estadão. Na maioria dos casos, a previsão é de que os itens armazenados durem mais quatro a cinco dias, de acordo com o consumo.

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Nesta semana, o Estadão informou, ainda, que o Ministério da Saúde está com dificuldades para refazer a reserva técnica dos remédios. Nota técnica da pasta do dia 12 informa que o governo tentou comprar doses para seis meses, mas só conseguiu 17% do planejado. Hospitais em cidades paulistas - como São Sebastião, São Carlos e Pirassununga - chegaram a restringir o atendimento de pacientes por falta de remédio.

Em publicação no Twitter na sexta-feira, o governador João Doria (PSDB) comemorou a doação feita pelo grupo de empresas e cobrou o governo federal por mais medicamentos.

“Aguardamos o Ministério da Saúde enviar os demais kits intubação que ainda não distribuiu aos Estados”, escreveu. “O governo federal requisitou 100% dessa medicação produzida no Brasil. Logo, é responsável pela distribuição aos entes federativos.”

O governo de São Paulo também já declarou ter enviado nove ofícios ao Ministério da Saúde, o último deles na terça-feira, pedindo urgência para reforçar os estoques de medicamentos.

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Na quarta-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tentou tirar a responsabilidade do governo federal pela falta dos medicamentos em hospitais públicos. Em entrevista coletiva, ele destacou a doação recebida e pediu que os governos estaduais também se mobilizem para evitar o desabastecimento.

"Os medicamentos doados pela Vale foram encaminhados de maneira tempestiva para atender ao governo de São Paulo e demais governos. Atribuição que os próprios governadores, especialmente os dos grandes Estados poderiam buscar esses medicamentos seja no mercado internacional, seja no nacional. Eles têm elementos para fazer isso e também se associar ao Ministério da Saúde nessa tarefa de apoiar a sociedade brasileira. Não adianta ficar só enviando ofício", disse Queiroga.

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