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SP tem aumento de internados em estado grave por coronavírus; Doria mantém quarentena

SP tem 862 casos confirmados, com 84 pacientes em estado grave, internados na UTI, um acréscimo de 42% nas últimas 24 horas; secretário estadual de Saúde cogita isolamento total

Foto do author João Ker
Por Bruno Ribeiro , João Ker e Paloma Côtes
Atualização:

SÃO PAULO - O número de pessoas internadas em estado grave em São Paulo com infecção pelo novo coronavírus teve um aumento de 42% nas últimas 24 horas. Eram 59 pacientes no boletim divulgado na quarta-feira e já são 84 no balanço divulgado nesta quinta-feira, 26. O Estado tem 862 casos confirmados da covid-19, segundo balanço divulgado nesta tarde pelo secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, que citou até o fechamento total do Estado (lockdown) como medida a ser adotada no futuro, caso o sistema de saúde se aproxime do colapso. 

Em entrevista coletiva, governador João Doria anuncia medidas para conter o avanço do coronavírus em São Paulo Foto: Marcelo Chello/CJPress

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O crescimento de casos ocorre em meio a uma avaliação dos técnicos de que o fechamento do comércio está retardando o avanço da doença, na comparação com a variação de casos no resto do País. “Se vocês se lembram bem, nós éramos praticamente 90% dos casos do Brasil e agora nós somos 30%. O que significa que existe uma expansão da epidemia, e de forma acelerada”, afirmou o secretário de Saúde.

A gestão João Doria (PSDB) cogita aumentar ainda mais as restrições de acordo com a evolução da epidemia. "Existe uma gradação. O que estamos fazendo não é um isolamento. É um distanciamento social. O próximo passo, se houver necessidade, é um isolamento domiciliar ou social. E, se houve necessidade ainda de apertar mais esse cinto, aí seria o lockdown. E a característica, aí, é o uso da força policial para manter as pessoas em casa", afirmou Germann. "Não estamos nesta situação ainda, mas não sei se estaremos ou não."

A aceleração de internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ocorre enquanto as obras para construções de hospitais de campanha na capital e em cidades da região metropolitana ainda estão em andamento, e em meio a um processo de transferência de pacientes no Hospital das Clínicas (HC) para liberar 900 leitos de internação -- dos quais 200 serão UTIs. 

São Paulo teve 48 dos 57 óbitos registrados no País. “No Estado de São Paulo, ontem (quarta-feira), eu anunciei 40 óbitos. Então, nós tivemos um acréscimo de 20%”, pontuou Germann. 

“Isso é mais ou menos característico da epidemia: às vezes tem mais acréscimo, às vezes tem menos”, afirmou Germann. “O que mostra, talvez, que esse cenário de restrição que estamos vivendo hoje, é que as medidas de restrição, de mobilidade, estão sendo suficientes, ou mesmo colaborando de forma bastante efetiva, para que a gente tenha 862 casos.” 

"Se mantivermos os idosos em casa tal qual o lockdown, nós teremos um comportamento da crise que talvez nos favoreça nesse ponto para não colapsar o sistema de saúde”, afirmou o secretário ao reforçar, mais uma vez, o pedido para que as pessoas fiquem em casa.

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O boletim mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde, nesta quarta-feira, 25, mostrava que o País tinha 57 mortes e 2.433 casos confirmados.

Quarentena mantida

Doria reafirmou em entrevista coletiva que a quarentena está mantida em todo o Estado para conter o avanço do novo coronavírus. A medida será válida até o dia 7 de abril. Doria disse que a medida tem respaldo na opinião de especialistas e segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Não tomamos medidas precipitadas, mas sim fundamentadas", disse.

Sobre a possibilidade de prolongar a quarentena, Doria afirmou que, por ora, não há previsão de estender o prazo. Mas as medidas, reforçou, são analisadas e decididas diariamente.

O governador fez um pronunciamento em que manteve o tom de críticas ao presidente Jair Bolsonaro, com quem discutiu nesta quarta em uma teleconferência. 

Doria, no entanto, preferiu não comentar a decisão do presidente desta quinta de classificar templos religiosos como atividade essencial, o que liberaria a abertura desses locais.

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