Surtos de gripe podem se multiplicar no Brasil, alerta Fiocruz

Boletim vê risco de importação de casos por cidades onde medidas contra a covid tiverem baixa adesão; Rio é epicentro da doença, com 21 mil infecções em três semanas

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Por Roberta Jansen
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RIO - O novo boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira, 9, faz alerta aos grandes centros urbanos do País para o risco de surtos de influenza A virem a se somar aos casos de covid-19 que persistem. Nas últimas três semanas, foram registrados 21 mil casos de gripe no Rio. O número, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, já configura uma epidemia no Estado.

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Na análise da Fiocruz, há um risco real de importação de casos de gripe, sobretudo por locais onde as medidas não farmacológicas para a mitigação da transmissão da covid tenham baixa adesão. A situação se agravou porque o Rio está sem vacinas contra a gripe desde a última sexta-feira.

O boletim aponta que doze das 27 unidades da federação apresentam sinal de crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na tendência de longo prazo (últimas seis semanas). São elas: Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo. A maioria dos casos de Srag é provocada pelo Sars-CoV-2, vírus da covid. A exceção é o Rio, onde a gripe predomina.

Enfermeira aplica vacina contra a gripe em Idoso; No Rio, Estado registrou 21 mil casos da doença nas últimas três semanas Foto: Felipe Rau/Estadão

“Diferentemente do apontado em atualizações anteriores, embora em muitos Estados o crescimento ainda seja lento, os dados sugerem se tratar de um crescimento sustentado e recomenda-se a reavaliação das medidas de prevenção e transmissão de vírus respiratórios, especialmente em relação aos eventos de final de ano para evitar o agravamento do cenário epidemiológico”, afirmou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.

Casos de SRAG cresceram abaixo dos 60 anos

O novo boletim da Fiocruz aponta alta de casos de Srag em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos. Tal cenário é ainda mais significativo entre crianças, adolescentes e jovens adultos (0-9, 10-19 e 20-29 anos). Segundo Gomes, entre os 30 e os 59 anos o aumento do número de casos de SRAG é relativamente mais baixo, ainda que consistente. “Os números reforçam a necessidade de cuidados”, disse Gomes.

No caso das crianças (0 a 9 anos), os resultados laboratoriais apontam o predomínio do vírus sincicial respiratório (VSR) na tendência de aumento de SRAG. Já nas demais faixas etárias os casos de SRAG seguem majoritariamente relacionados ao Sars-CoV-2. A exceção é o Estado do Rio, onde o vírus influenza A é a principal causa de SRAG em crianças e adultos.

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“Na série temporal consolidada da incidência de casos e óbitos de SRAG por covid observa-se que, com o avanço da cobertura vacinal na população adulta, as faixas etárias de 60 anos ou mais voltaram a ser os grupos com maior incidência semanal de casos e óbitos por SRAG com resultado de RT-PCR positivo para Sars-CoV-2”, disse Gomes.

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