12 de abril de 2020 | 04h59
Alan Barreto, de 33 anos, coletor de lixo da Ecourbis, concessionária de coleta, transporte e destinação de resíduos de São Paulo. Morador do Itaim Paulista, zona leste de São Paulo. Casado, dois filhos.
A gente tem um pouco de medo, mas tudo bem, né? Lavando as mãos e colocando álcool em gel, trabalho normalmente nesta pandemia do coronavírus. A gente faz a limpeza das mãos várias vezes por dia.
O trabalho não mudou muito. Ele é sempre feito em equipe. Sai um caminhão com um motorista e três coletores. Sou um dos coletores. Antigamente, saía um caminhão atrás do outro. Agora, o intervalo é de 30 minutos. Isso serve para evitar aglomerações de coletores e motoristas nos vestiários e pátio da empresa. Quando o caminhão chega, ele é desinfetado.
Trabalho na região do Ipiranga, na zona sul de São Paulo. Os moradores estão mais perto da gente, mais unidos. Falam com a gente mais do que antes. Pedem para a gente não esquecer de lavar as mãos. Acho que estão vendo que a gente está trabalhando nas ruas enquanto todos estão em casa e valorizam mais nosso trabalho. Tenho de sair para limpar a cidade. As pessoas têm de se cuidar. Estamos fazendo o serviço para eles. Estamos aí, dia a dia, limpando a cidade.
Corro uns 19 quilômetros por dia. No início foi difícil, mas agora estou acostumado. Às segundas-feiras, dia que tem mais lixo, a gente recolhe 32 toneladas. Nos outros dias, são 26 ou 28. Acho que a quantidade aumentou um pouco por causa da pandemia, uns 10%.
A situação que estamos vivendo é triste. Faz mais de duas semanas que não vejo meus pais e eles estão no mesmo quintal. Só falamos pelo telefone. Não posso correr risco de passar alguma coisa para eles.
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