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'Tenho medo, mas tenho um dever', conta bombeiro 

André Elias, tenente do Corpo de Bombeiros de São Paulo, diz que uma das principais mudanças causadas pela pandemia foi na utilização dos equipamentos de proteção individual

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Por Gonçalo Junior
Atualização:

André Elias, de 34 anos, tenente do Corpo de Bombeiros de São Paulo. Morador de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Solteiro.

André Elias, tenente do Corpo de Bombeiros de São Paulo Foto: Werther Santana/ Estadão

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Uma das principais mudanças causadas pela pandemia foi na utilização dos equipamentos de proteção individual. Para os casos confirmados de covid-19, nós usamos um macacão impermeável, avental, luvas e óculos. Todos são materiais descartáveis, a gente usa uma vez e já joga fora, menos os óculos. Ao deixar a vítima no hospital, a gente passa por uma desinfecção imediata também.

Temos uma atenção maior com os equipamentos e as viaturas. A desinfecção é feita após cada atendimento com detergente e álcool em gel. É um trabalho bem cauteloso, feito sem pressa. Antes isso só era feito quando havia suspeita de algum contaminante. O bombeiro é incentivado a lavar seu fardamento no próprio quartel, sem levá-lo para casa. Temos máquinas de lavar aqui. Também é recomendado tomar um banho antes de ir para casa.

De maneira geral, tivemos uma queda no número de todo tipo de ocorrências

André Elias, tenente do Corpo de Bombeiros de São Paulo

Atendemos cerca de 1.400 chamados por dia no Estado de São Paulo, a grande maioria de acidentes de trânsito. Quando recebemos uma ocorrência para a viatura pelo número 193, nós já sabemos do que se trata. O atendimento do coronavírus não é complexo, mas tem o risco de contágio. Os casos não são muitos, mas têm impacto emocional grande. Ele aumenta quando uma notícia chega mais perto da gente. Nós perdemos uma sargento do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) recentemente por causa da covid-19. Abala. 

Você ouve dizer e de repente aquilo é real. Por trás da farda, existe um ser humano. Tenho medo de ser contaminado, mas tenho um dever a cumprir. Somos a esperança da população. Nós também estamos isolados. Quando não estamos no quartel, estamos em casa, em quarentena. É casa, quartel, quartel, casa. Mudamos a escala de trabalho para diminuir o contato diário com as pessoas nos quartéis, mas nós não temos home office.

André Elias, tenente do Corpo de Bombeiros de São Paulo Foto: Werther Santana/ Estadão

 

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