Teste para viagem a Marte põe voluntários na cama por 2 meses

Objetivo foi simular o desgaste de músculos e ossos pela inatividade que, no espaço, vem da falta de gravidade

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Por EFE
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Terminou nesta sexta-feira, 23, em Berlim, o período de dois meses em que seis voluntários alemães ficaram sem se levantar da cama, como parte de um estudo sobre os efeitos da falta de gravidade nos músculos e ossos, com vistas a uma possível missão espacial a Marte. A pesquisa científica, realizada com um orçamento 3,5 milhões de euros e subvencionada pela Agência Espacial Européia (ESA), manteve os seis voluntários na cama e isolados do exterior durante 60 dias. Cada um dos voluntários será recompensado com oito mil euros (R$ 21 mil) pela colaboração. O estudo, desenvolvido no Centro de Pesquisa de Músculos e Ossos de Berlim do Hospital Benjamin Franklin, parte do Hospital Universitário Charité, obrigou os voluntários a permanecer na cama sem levantarem-se, para que as condições de vida em uma nave espacial fossem reproduzidas o mais fielmente possível. Nesses dois meses, receberam somente a visita de médicos, que avaliaram a evolução de seu estado físico. Os voluntários podiam telefonar para as famílias e também tinham à disposição computadores portáteis, com conexão permanente à internet. Ler, conversar e assistir à televisão foram os principais passatempos dos voluntários, que tiveram que, deitados, resolver questões como a higiene pessoal. O diretor do centro, Dieter Felsenberg, destacou a importância do estudo, que contará ainda com outras duas fases, ao permitir estudar o efeito da imobilidade nos músculos e nos ossos. "Nas viagens espaciais envelhece-se em câmara rápida. Nossos resultados demonstram que os músculos enrijecem quando deixam de ser movimentados", explicou Felsenberg. Os dados do estudo permitem conhecer o nível de exercício necessário para manter um excelente estado físico e para que, após meses de inatividade, as pernas do astronauta não se fraturem ao sair ao exterior. Somente dois dos voluntários puderam exercitar as extremidades durante a pesquisa, com séries de 40 segundos, três vezes ao dia, a cada dois dias, graças a aparelhos especiais de vibração. Entre outras conclusões, os pesquisadores puderam determinar que os músculos reduzem-se diante da ausência de movimento e, como conseqüência, os ossos perdem densidade. Os voluntários que podiam realizar exercícios físicos perderam pelo menos 4% de densidade óssea. "Por isso, precisamos manter a força muscular para conservar a massa óssea", explicou Felsenberg, que acrescentou que os dados obtidos com o estudo poderão ser aplicados também nas pesquisas sobre osteoporose ou problemas musculares. Os voluntários foram dois estudantes, um agente de seguros, um motorista, um técnico em medições e um instrutor de mergulho, todos eles praticantes de esporte. Felsenberg destacou a colaboração e a paciência demonstrada por todos eles, mas admitiu que em alguns momentos "ficaram nervosos e o tempo mostrou-se um pouco longo".

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