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Teste único de PSA não reduz mortes por câncer de próstata, segundo estudo britânico

Pesquisadores acompanharam mais de 400 mil homens no Reino Unido entre 2001 e 2016; exame de rastreamento detectou apenas tumores de baixo risco, mas não fez nenhuma diferença na taxa de mortalidade após 10 anos

Por Fabio de Castro
Atualização:

Um teste único de PSA não tem efeito significativo na redução de mortes de câncer de próstata, de acordo com um novo estudo realizado por cientistas britânicos. A pesquisa foi publicada nesta terça-feira, 6, na Jama, revista científica da Associação Médica Americana.

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O estudo, coordenado por Richard Martin, da Universidade de Bristol (Inglaterra), teve a participação de mais de 408 mil homens recrutados em 573 clínicas de atenção primária do Reino Unido, que foram acompanhados entre 2001 e 2016. 

Dos pacientes estudados, 189 mil foram convidados a realizar um teste único de PSA para rastreamento de câncer de próstata em 271 clínicas. Outros 219 mil homens, recrutados em 302 clínicas, não foram submetidos ao rastreamento, formando assim um grupo de controle para comparação.

O estudo concluiu que o rastreamento serviu apenas para detectar tumores de baixo risco, mas não fez nenhuma diferença em relação às mortes por câncer de próstata 10 anos após o teste de PSA. 

O exame de toque retal é indolor e pode ser realizado rapidamente. Por meio do toque no reto, o urologista já indica a condição da próstata do paciente. Se o resultado for suspeito, são pedidos novos exames para a confirmação de alguma doença. No exame Antígeno Prostático Específico, é colhido uma pequena amostra de sangue do paciente para análise em laboratório. Se os valores de PSA apresentados estiverem anormais, isso pode indicar um problema na próstata Foto: Reuters

Segundo os autores do estudo, o rastreamento de câncer de próstata é controverso, porque os potenciais benefícios podem ser superados por riscos de levar a intervenções desnecessárias. Eles afirmam que muitos homens são diagnosticados com um câncer de próstata que não evoluirá para algo mais grave, mas acabam fazendo os tratamentos e, em consequência, sofrendo efeitos colaterais na qualidade de vida. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a detecção precoce de um câncer compreende duas diferentes estratégias. Uma delas, o diagnóstico precoce, é destinada ao diagnóstico em pessoas que apresentam sinais iniciais da doença. A outra, o rastreamento, é voltada para pessoas sem nenhum sintoma e aparentemente saudáveis.

A política atual no Reino Unido, onde foi feito o estudo, não recomenda o rastreamento de câncer de próstata. No Brasil, a prática também não é recomendada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).

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"Por existirem evidências científicas de boa qualidade de que o rastreamento do câncer de próstata produz mais dano do que benefício, o Inca mantém a recomendação de que não se organizem programas de rastreamento para o câncer da próstata e que os homens que solicitam espontaneamente a realização de exames de rastreamento devem ser informados por seus médicos sobre os riscos e provável ausência de benefícios associados a esta prática", diz comunicado do Inca.

Em julho de 2017, um outro estudo realizado ao longo de 20 anos por cientistas americanos e publicado na revista científica The New England Journal of Medicine concluiu que a cirurgia de câncer de próstata não oferece benefícios para homens no estágio inicial da doença. Nesses homens diagnosticados precocemente, a cirurgia não prolongou a vida e com frequência causou sérias complicações como infecção, incontinência urinária e disfunção erétil.

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