Tratamento experimental faz paraplégicos recuperarem movimentos das pernas

Técnica utilizada combina estimulação elétrica com terapia com pesos

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Por Fabiana Cambricoli
Atualização:

SÃO PAULO - Um tratamento que aliou estimulação elétrica da medula espinhal lombar com terapia assistida com pesos fez três paraplégicos recuperarem os movimentos das pernas e andarem com auxílio de muletas e andadores. O feito é resultado de uma pesquisa da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, publicada nesta quinta-feira, 1º, na revista científica Nature.

Os alvos da pesquisa eram pacientes com lesão na medula espinhal há mais de quatro anos. Todos eles tiveram eletrodos inseridos na região lesionada e, com o auxílio de terapias com pesos, recuperaram o controle voluntário dos músculos das pernas.

Paciente paraplégico dá passos após tratamento com estimulação elétrica Foto: EPFL/Jean-Baptiste Mignardot

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Outros estudos com estimulação elétrica já haviam demonstrado resultados semelhantes. A diferença para a nova pesquisa é que os pacientes do estudo mais recente mantiveram o controle dos movimentos mesmo após o desligamento da estimulação elétrica 

Segundo os cientistas, os pacientes puderam caminhar uma semana após a implantação dos eletrodos. Eles afirmam que o desempenho foi possível por causa da precisão na colocação dos dispositivos. "Em nosso método, implantamos uma série de eletrodos sobre a medula espinhal que nos permitiu atingir grupos musculares individuais nas pernas", explicou o neurocirurgião Jocelyne Bloch, um dos autores do estudo, em um comunicado à imprensa.

Outro grande resultado da técnica foi que, durante as sessões de reabilitação, os pacientes puderam caminhar por um quilômetro com a ajuda da estimulação elétrica e dos suportes de peso corporal. Nos estudos anteriores, os participantes caminharam apenas curtas distâncias.

Com as descobertas, os autores do estudo pretendem desenvolver uma tecnologia para transformar esses achados em tratamentos disponíveis em hospitais e clínicas. Os cientistas pretendem fazer isso por meio de uma start-up médica que criaram, a GTX.

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